Esta manifestação nacional descentralizada, de manhã no Porto e à tarde em Lisboa, é "o culminar daquilo que foi um mês de esclarecimento, de mobilização, de ação reivindicativa e luta nos locais de trabalho, envolvendo milhares e milhares de trabalhadores nesta mesma discussão", disse à Lusa Filipe Pereira, dirigente da União dos Sindicatos do Porto (USP), afeto à CGTP-IN.

"Estão em causa questões como o aumento dos salários e das pensões e a defesa daquilo que são as funções públicas e sociais do Estado, porque aquilo que é a nossa apreciação relativamente às políticas deste Governo é de extrema preocupação, no que toca aos trabalhadores e à população em geral, porque vai no sentido de continuar e perpetuar e até intensificar aquilo que é uma política de baixos salários", considerou o dirigente sindical.

Na Praça da República concentraram-se cerca de dois mil trabalhadores, nas contas da PSP, que depois desfilaram até à Praça dos Leões, gritando palavras de ordem como "O público é de todos, o privado é só de alguns", "Tantas imposições, exigimos negociações" ou "É preciso, é urgente uma política diferente", entre outras.

"Estamos a assistir a um empobrecimento generalizado da população e, contrariamente, vemos os grandes grupos económicos, as grandes empresas, a banca a apresentar milhões e milhões de euros de lucros, chegam inclusive a ser pornográficos. E aquilo que nós vemos no acordo de rendimentos que foi assinado, mais uma vez entre o Governo, a UGT e os patrões, é uma atualização do salário mínimo nacional de apenas 50 euros", disse Filipe Pereira.

O dirigente da USP considerou que um aumento de 50 euros é, até, de "alguma forma depreciativo e vergonhoso", vindo de pessoas que "não sabem o que é viver com o salário mínimo nacional até ao final do mês".

Nesta concentração foi visível uma elevada participação de jovens, entre os quais se encontrava Mafalda Pena, que disse à Lusa estar a participar nesta ação "em defesa dos direitos dos trabalhadores, em defesa de melhores condições de vida, em defesa daqueles que não estão a ser defendidos no Orçamento do Estado para 2025 e, como jovem, lutar por um futuro melhor".

"Tenho 25 anos, estou neste momento a tirar o mestrado de ensino, para ser professora, e vou fazer um estágio não remunerado", contou à Lusa.

Mafalda Pena disse também estar "preocupada com o seu futuro, por não saber onde será colocada e recear não ter capacidade para pagar uma habitação", devido à crise que se vive neste setor.

Nuno Mateus trabalha num hipermercado e disse participar neste protesto para reivindicar "melhores salários e exigir o encerramento aos fins de semana".

"Neste momento, vivo e trabalho para pagar contas", lamentou.

Trabalhadora/estudante, Andreia disse estar presente porque "os salários são extremamente baixos e é difícil pagar a renda e as despesas".

José Geraldes, já muito próximo da idade da reforma, disse estar na manifestação da CGTP para lutar por "melhores direitos".

"Quando falamos em direitos é para os reformados, é para os trabalhadores e é para os jovens. Estamos a passar um tempo muito complicado, porque vemos gente que com os rendimentos que tem não consegue viver. Estou aqui para reforçar este coletivo da CGTP", disse.

Sobre a situação que se vive no setor da Saúde, em declarações à Lusa, o sindicalista Filipe Pereira disse "lamentar que se esteja a por em causa grandes conquistas de Abril, nomeadamente nas funções sociais do Estado".

"Estamos a falar na questão do Serviço Nacional de Saúde, 55% do orçamento para a saúde em 2025 está canalizado diretamente para o setor privado"", criticou.

Sobre a participação nesta manifestação no Porto, Filipe Pereira apontou para os "cinco mil trabalhadores" referindo 30 autocarros que chegaram de vários ponto do país, de Bragança a Coimbra, "além da população em geral.

A manifestação nacional prossegue à tarde, em Lisboa, com a participação do secretário-geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira.

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