
Em comunicado, a Fundação Calouste Gulbenkian referiu que esta é a 2.ª edição do programa ENVOLVE Ciência PALOP, iniciativa da instituição que "tem como objetivo apoiar a consolidação das carreiras científicas de jovens investigadores dos PALOP nos países de origem, reforçando igualmente os sistemas científicos".
Os três projetos são liderados pelos investigadores Ariana Freira (Cabo Verde), Bubacar Embaló (Guiné-Bissau) e Filomena Manjate (Moçambique).
Segundo a Gulbenkian, os projetos "foram selecionados por um júri internacional, que teve em conta a relevância, originalidade, qualidade das propostas e o impacto no desenvolvimento de capacidades pessoais do candidato e da instituição."
Em Cabo Verde, Ariana Freira é a investigadora responsável pelo projeto "Study of sickle cell anemia", que resultou do seu estágio no Gulbenkian Institute of Molecular Medicine em Lisboa e que será desenvolvido na Universidade de Cabo Verde, em parceria com o Hospital Agostinho Neto, na Praia.
O projeto consiste, segundo nota da Gulbenkian, na implementação do rastreio neonatal da anemia das células falciformes, uma das principais estratégias para a redução da mortalidade em crianças abaixo dos cinco anos. "A anemia das células falciformes é altamente prevalente em África, principalmente na África subsariana, e este projeto pretende ainda estudar os mecanismos imunológicos associados às crises vaso-oclusivas em doentes com anemia falciforme, em Cabo Verde", lê-se no comunicado.
Na Guiné-Bissau, o investigador Bubacar Embaló, que realizou o seu estágio no IPO-Porto, onde elaborou o projeto "Study of Head and Neck Cancer incidence and epidemiology", também receberá apoio nos próximos três anos.
O projeto consiste no estudo da incidência do cancro de cabeça e pescoço e será desenvolvido no Hospital Simão Mendes, em Bissau.
Segundo o comunicado da Gulbenkian, Bubacar Embaló pretende criar um registo oncológico de base populacional, um laboratório de anatomia patológica no Hospital Simão Mendes e desenvolver estudos moleculares, bacteriológicos e fúngicos relacionados com as patologias de cabeça e pescoço.
Em Moçambique, Filomena Manjate, investigadora do Centro de investigação em Saúde da Manhiça, foi outra das vencedoras com o projeto elaborado durante o estágio no Instituto de Higiene e Medicina Molecular.
De acordo com a nota da Gulbenkian, o projeto -- "Wastewater-based metagenomics surveillance of infectious agents and antimicrobial resistance using an integrated One Health approach in Southern and Central Mozambique" -- na área das doenças infecciosas, uma das principais causas de morte em crianças abaixo dos 5 anos em Moçambique, consiste na criação de uma plataforma de vigilância ambiental integrada para perceber quais as redes de transmissão dos patogénios em águas residuais e a sua resistência aos antibióticos.
MAV // JMC
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