A decisão foi proferida na sexta-feira. O tribunal rejeitou a moção da Netflix para rejeitar a ação interposta por Fiona Harvey, a mulher em que se baseia a personagem Marta da série “Baby Reindeer”, que processou a plataforma de streaming em 170 milhões de dólares (cerca de 156 milhões de euros).

O juiz distrital, Gary Klausner, concluiu que a história foi apresentada erradamente como verdadeira e que não houve “qualquer esforço” por parte da empresa para confirmar a veracidade dos factos ou para disfarçar a identidade de Martha.

Disse mesmo que o facto dos episódios começaram com a frase “esta é uma história verdadeira” incute os telespectadores ao erro e que, embora as “supostas ações de Harvey sejam repreensíveis”, as que são incutidas à personagem são “piores” do que as que aconteceram na vida real.

“Há uma grande diferença entre perseguir e ser condenado por perseguição num tribunal (...) Da mesma forma existem grandes diferenças entre toques inadequados e agressão sexual, bem como entre empurrar e arrancar os olhos de outra pessoa. Embora as supostas ações do queixoso sejam repreensíveis, as declarações dos arguidos são de um grau pior e podem produzir um efeito diferente na mente de um espetador.”, cita o The Guardian

Apesar de não ser citado, público chegou rapidamente a Fiona Harvey

O nome de Fiona Harvey nunca foi citado na série, mas o público rapidamente chegou até si nas redes sociais. Por isso, afirma ter recebido ameaças de morte, algo que foi reconhecido em tribunal.

O juiz afirmou que a Netflix deveria “saber que as declarações e a representação da queixosa através de Martha eram falsas”, que os fãs da série descobriram a sua identidade e que a “assediaram com base nessas declarações e representações falsas”. No entanto, não foi feito qualquer esforço “para investigar a exatidão destas declarações e representações, nem tomaram medidas adicionais para ocultar a sua identidade”.

“Baby Reindeer” chegou à Netflix este ano

A série conta a história de Richard Gadd que interpreta uma versão fictícia de si própria e a quem deram o nome de Donny Dunn.

Ao longo de sete episódios, os espetadores ficam a conhecer a sua tentativa de trabalhar com a comédia enquanto é assediado por Martha, uma mulher que o ajudou no passado e que lhe envia milhares de e-mails a ameaçar a sua família e namorada.

Desde o lançamento que os internautas têm tentado encontrar as personagens da série O criador, Richard Gadd, já pediu para "detetives da Internet" para pararem de tentar encontrar as pessoas reais que inspiraram a série e disse que se "quisesse que as pessoas da vida real fossem encontradas, teria feito um documentário".