Um tribunal militar de Moscovo condenou, esta quarta-feira, o opositor russo Yevgeny Mishchenko a 12 anos de prisão, depois de o ter acusado de envolvimento numa organização terrorista, anunciaram fontes judiciais.
Mishchenko, 50 anos, foi acusado de oferecer terrenos para as atividades da legião "Liberdade para a Rússia", constituída por voluntários russos que lutam do lado ucraniano.
A Rússia, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, declarou a legião como uma organização terrorista.
De acordo com a acusação, citada pela agência noticiosa oficial russa RIA Novosti, Mishchenko propôs à legião a instalação de lançadores de foguetes num terreno que possui na região de Smolensk, a oeste de Moscovo.
Mishchenko admitiu em tribunal ter contactado com a legião, mas declarou-se inocente do crime de que era acusado. Alegou que a maior parte das provas apresentadas pelo Ministério Público foram obtidas ilegalmente.
A acusação baseou-se em gravações de conversas de Mishchenko com um agente dos serviços de segurança que se fez passar por ativista da oposição.
"Queria mostrar que não estou do lado da agressão. Lamento encontrar-me nesta situação, mas não me sinto culpado", afirmou Mishchenko durante as alegações, segundo a agência espanhola EFE.
"Estou mais preocupado com o que está a acontecer no país, com as pessoas, do que comigo mesmo. Quando recuperar a minha liberdade, terei as mesmas convicções", acrescentou.
Muitos russos que se opuseram à guerra contra a Ucrânia foram alvo de acusações que terminaram em condenações a penas de prisão.
O regime russo tem calado as vozes dissidentes, como o opositor Alexei Navalny, que morreu em 16 de fevereiro, com 47 anos, quando cumpria uma pena numa prisão de uma região remota do Ártico.