O candidato republicano às presidenciais norte-americanas viajou na segunda-feira ao sul da Geórgia, uma região afetada pelo recente furacão Helene e, sob os holofotes do desastre, Trump politizou o momento, acusando Kamala Harris de “andar em algum lado a angariar dinheiro” e mentindo sobre a abordagem da Casa Branca ao furacão.
As declarações de Donald Trump em Valdosta, na Geórgia, foram recheadas de mentiras e falsas informações sobre o Presidente dos Estados Unidos e a sua adversária nas eleições. Segundo a Associated Press, Trump acusou Joe Biden de estar a “dormir” e não atender o telefone ao governador da Geórgia, Brian Kemp - apesar de o próprio Kemp, que pertence ao partido republicano, ter confirmado que tinha falado com Biden e tinha agradecido o apoio do Governo federal.
“O Presidente ligou-me na tarde de ontem [domingo], eu não consegui atender, ele ligou logo a seguir e só perguntou: ‘O que precisa?’. Eu disse-lhe que temos o que precisamos a partir do processo federal. Ele explicou que, se fossem necessárias outras coisas, que lhe ligasse diretamente, o que apreciei”, disse Kemp à Associated Press.
Rodeado de edifícios devastados pela passagem do furacão Helene, atrás de um pequeno muro construído com os destroços de um edifício, e de boné vermelho eleitoral na cabeça, Trump criticou ainda Kamala Harris por “estar em algum lado a fazer campanha, à procura de dinheiro” - apesar de Trump também ter estado no estado do Pensilvânia a fazer campanha no domingo.
E, numa publicação na sua rede social, sugeriu que as autoridades federais e o governador democrata da Carolina do Norte estavam “a esforçar-se para não ajudar as pessoas em áreas republicanas”, sem, contudo, apresentar quaisquer provas para basear essas declarações.
Curiosamente, o ex-Presidente norte-americano pareceu reconhecer o próprio aproveitamento político da situação de desastre na Geórgia. “Como sabem, o nosso país está nas últimas semanas de uma eleição renhida. Numa altura como esta, quando uma crise acontece, quando os nossos concidadãos pedem por ajuda, nada disso importa. Não estamos a falar sobre política agora. Temos de nos unir e resolver isto”, apontou Trump, citado pelo Politico.
Esta não é a primeira vez que Donald Trump se antecipa à Casa Branca e aos democratas, visitando zonas afetadas por crises ambientais, como em East Palestine, Ohio, no início do ano, sendo muitas vezes acusado por aproveitar esses momentos para recolher ganhos políticos.
Ao mesmo tempo que Trump visitava as regiões severamente afetadas pelo furacão, Kamala Harris terminava uma viagem de três dias por estados críticos para a eleição na costa Este. A vice-presidente e candidata democrata tinha previstos eventos em Las Vegas, mas regressou a Washington D.C. para monitorizar a situação e reunir com autoridades de emergência sobre a situação na Geórgia.
“Faremos tudo o que estiver no nosso poder para ajudar as comunidades a recuperar”, prometeu Harris, antes de uma reunião com a agência de proteção civil federal norte-americana. Uma fonte da Casa Branca adiantou ao Politico que Harris prometeu ir ao terreno “assim que for possível”, mas não deve viajar aos locais afetados para que o seu dispositivo de segurança não perturbe as operações de emergência.
A prometida viagem foi atrasada esta terça-feira novamente, com a invasão israelita no Líbano e os consequentes ataques aéreos iranianos em Telavive a obrigarem Harris e Biden a monitorizar a situação a partir da Casa Branca.
O furacão Helene foi um dos mais destrutivos do ano no sudeste dos Estados Unidos, especialmente nos estados da Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia e no norte da Flórida, com mais de 130 mortes associadas à chuva e vento de enorme intensidade, mais de 600 desaparecidos, e muitos desalojados.