Donald Trump ordenou que todos os funcionários norte-americanos que trabalhem em organismos ligados à diversidade, equidade e inclusão sejam colocados, a partir desta quarta-feira, em licença remunerada, numa altura em que a administração do novo Presidente dos EUA se prepara para encerrar todos os gabinetes e programas relacionados com o departamento.

A NBC avança que um novo documento emitido pela administração Trump estabelece que os funcionários devem ser informados da decisão, no máximo, até às 22:00 desta quarta-feira, hora de Lisboa.

O Presidente norte-americano exige ainda que as agências federais apresentem um plano por escrito para demitir os trabalhadores até ao final do mês.

Uma das primeiras ordens executivas de Donald Trump, que foi empossado na segunda-feira, foi pôr fim aos programas de diversidade, equidade e inclusão, alegando serem radicais e um desperdício de recursos.

Como consequência, todas as agências, escritórios e programas são obrigados a encerrar.

Logo na segunda-feira, Trump revogou dezenas de ordens executivas e ações presidenciais, que incluem o fim das políticas fronteiriças da era Biden e o perdão aos invsaores do Capitólio.

"Peço-lhe que tenha misericórdia"

A reverenda Mariann Budde, bispa episcopal de Washington, fez esta quarta-feira um apelo direto a Donald Trump, durante um sermão, para que tenha misericórdia da comunidade LGBTQ+ e dos trabalhadores migrantes indocumentados.

Referindo-se à crença de Trump de que foi salvo por Deus de ser assassinado, Budde disse: "Sentiu a mão providencial de um Deus amoroso. Em nome do nosso Deus, peço-lhe que tenha misericórdia das pessoas do nosso país que estão assustadas neste momento".

A cerimónia da Catedral Nacional de Washington foi amplamente focada na unidade nacional. Trump e o vice-presidente J.D. Vance estiveram presentes com as suas famílias, juntamente com o presidente da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso), o republicano Mike Johnson, e o nomeado para o cargo de secretário da Defesa, Pete Hegseth.

No seu sermão, Budde disse que se reuniram "para orar pela unidade como povo e nação - não por acordo, político ou outro - mas pelo tipo de unidade que promove a comunidade através da diversidade e da divisão".

A reação de Trump

Donald Trump qualificou a bispa episcopal de Washington, Mariann Budde, de "desagradável", um dia após a religiosa ter manifestado num sermão preocupação com o medo semeado pelo presidente norte-americano entre imigrantes e membros da comunidade LGBTQ+.

"Esta pseudo-bispa que falou no serviço nacional de oração, na terça-feira de manhã, era uma radical de esquerda que odeia Trump", escreveu o líder norte-americano na plataforma Truth Social, rede social da qual é proprietário.

Donald Trump, que tomou posse na segunda-feira como 47.º Presidente dos Estados Unidos, acrescentou que a religiosa foi "desagradável no tom e não foi convincente nem inteligente"."Ela e a sua igreja devem um pedido de desculpas ao público", escreveu.

Tradição remonta à década de 30

Mais de uma dúzia de líderes religiosos falaram durante o culto inter-religioso, incluindo os de tradições judaica, muçulmana, budista e hindu.

Ausentes do clero convidado com papéis de orador estavam os evangélicos conservadores, que estão entre os maiores apoiantes de Trump. No entanto, alguns destes apoiantes evangélicos estavam nos bancos da igreja.

A Catedral Nacional de Washington acolheu 10 cerimónias oficiais de tomada de posse de presidentes de ambos os partidos.

A tradição remonta a 1933. O serviço mais recente teve um destaque diferente dos anteriores.

O seu foco estava na nação e não na nova administração, um plano traçado antes do dia das eleições.

"Estamos num momento único na história do nosso país, e é tempo de abordar isto de forma diferente", tinha destacado o reverendíssimo Randy Hollerith, reitor da catedral episcopal, numa declaração em outubro.

Budde, que fez o sermão deste ano, juntou-se a outros líderes da catedral para criticar Trump anteriormente, repreendendo a sua "retórica racializada" e culpando-o por incitar à violência em 06 de janeiro de 2021, quando ocorreu a invasão do Capitólio.

A única parte do culto realizado hoje que pareceu feita à medida de Trump foi a inclusão do cantor de ópera Christopher Macchio, que também cantou o hino nacional na tomada de posse.

O tenor cantou "Ave Maria", uma canção favorita de Trump e que Macchio cantou num comício de Trump e na Convenção Nacional Republicana.Antes do início do culto, Macchio cantou hinos como "How Great Thou Art" e outro dos favoritos de Trump, "Hallelujah", escrito por Leonard Cohen.

Com Lusa