"Esta guerra nunca deveria ter acontecido, mas vamos resolvê-la", garantiu Trump, que no passado recente se tem mostrado relutante a ajudar a Ucrânia no esforço de guerra contra a Rússia, que invadiu o país vizinho em 2022.

À entrada para a reunião, na Trump Tower em Nova Iorque, o candidato republicano às eleições presidenciais norte-americanas salientou o significado do encontro.

"O simples facto de estarmos junto hoje é um sinal positivo", disse Trump, que classificou o conflito como um "'puzzle' complexo", apelando a um "acordo justo para todos".

Pouco antes da sua conversa com o Presidente ucraniano, Donald Trump já tinha elogiado a sua "muito boa relação" com Zelensky - a quem se tem referido de forma crítica - e também com o Presidente russo, Vladimir Putin.

"Espero que tenhamos melhores relações", respondeu o Presidente ucraniano, visivelmente embaraçado.

Em viagem desde domingo aos Estados Unidos, Volodymyr Zelensky obteve garantias de ajuda do atual Presidente democrata Joe Biden, persistindo dúvidas sobre a posição de um eventual Executivo de Trump, que tem criticado o elevado valor gasto por Washington no apoio a Kiev.

Ainda esta semana, o candidato republicano descreveu Volodymyr Zelensky como "o melhor vendedor do planeta".

"Cada vez que vem ao nosso país, sai com 60 mil milhões de dólares", ironizou Trump.

Donald Trump tem dito por várias vezes que, se for reeleito, resolverá o conflito entre a Rússia e a Ucrânia "em 24 horas", sem nunca explicar como.

O último encontro entre Trump e Zelensky ocorreu há cinco anos, num contexto radicalmente diferente.

Nessa altura, o republicano estava na Casa Branca e recandidatava-se ao cargo, enquanto o líder ucraniano, um antigo ator, estava acabado de chegar ao poder há apenas alguns meses.

Desde então, os dois homens falaram apenas ao telefone, nomeadamente no final de julho, após a primeira tentativa de assassínio contra Donald Trump.

Este novo encontro presencial acontece um dia depois de uma visita a Washington do Presidente ucraniano, onde conversou com o Presidente Joe Biden e com a vice-Presidente, Kamala Harris, após uma visita ao Congresso norte-americano.

Após o encontro de quinta-feira, Kamala Harris criticou hoje planos de resolução do conflito na Ucrânia que visam a "capitulação" de Kiev perante o invasor russo.

"Há pessoas no meu país que gostariam de forçar a Ucrânia a abandonar grandes parcelas do seu território soberano, que pediriam à Ucrânia que se declarasse neutra e que exigiriam que a Ucrânia renunciasse a relações militares com outros países", disse Harris, ladeada por Zelensky, em declarações à imprensa.

"Essas propostas são as mesmas que as de [Vladimir] Putin (Presidente russo) e não são propostas de paz. São propostas de capitulação, o que é perigoso e irresponsável", acrescentou.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território, e a rejeitar negociar enquanto as forças ucranianas controlem a região russa de Kursk, parcialmente ocupada em agosto.

RJP (PDF) // PDF

Lusa/Fim