O Presidente Donald Trump assinou esta quinta-feira uma ordem executiva para impulsionar a mineração em mar profundo, dentro da plataforma continental dos Estados Unidos e em águas internacionais. O objetivo é, segundo a própria Administração Trump, “restaurar o domínio americano em minerais e recursos críticos offshore”, numa corrida competitiva contra a China.

Estima-se que as águas americanas contenham mais de mil milhões de toneladas dos chamados nódulos polimetálicos — formações rochosas que se desenvolvem no fundo dos oceanos, ricas em metais valiosos tais como manganésio, níquel, cobre, cobalto, ferros, entre outros minerais. São importantes para a economia e para a transição energética, em concreto para a produção de chips de computadores, baterias para carros elétricos ou turbinas eólicas.

A medida assinada pelo Presidente Trump “estabelece os EUA como um líder global na exploração e desenvolvimento de minerais do fundo do mar, tanto dentro como fora da jurisdição nacional”, lê-se no texto publicado pela Casa Branca que tem como título — e promessa — “Trump liberta os minerais e os recursos críticos offshore da América”.

De acordo com um alto funcionário da administração Trump não identificado, citado pela agência de notícias Reuters, a exploração mineira em alto mar poderia aumentar o PIB dos Estados Unidos em 300 mil milhões de dólares (cerca de 264 mil milhões de euros) ao longo de 10 anos e criar aproximadamente 100 mil postos de trabalho.

Em concreto, o decreto encarrega o secretário do Comércio, Howard Lutnick, de acelerar o processo de revisão e emissão de licenças de exploração dos fundos marinhos, e delega ao Secretário do Interior, Doug Burgum, a tarefa de identificar os minerais críticos que podem ser obtidos “para fins de defesa, infraestruturas e energia”, indica ainda a nota da Casa Branca.


Ganhar vantagem sobre a China

“Durante demasiado tempo, estivemos demasiado dependentes de fontes estrangeiras e este anúncio histórico marca um grande passo na direção certa para obter estes recursos que são fundamentais para a segurança nacional”, disse, na quinta-feira, um alto funcionário da administração, também não identificado, citado pela CNN Internacional.

Uma das “fontes estrangeiras” em causa é a China. A potência controla a maior parte da cadeia de abastecimento mundial destes recursos críticos que os Estados Unidos procuram. E em plena guerra comercial devido à aplicação de tarifas a produtos chineses, que levou a uma diminuição das exportação de minerais para os EUA, o Presidente republicano quer agora que o seu país se afirme perante o rival.

“[O decreto] reforça as parcerias com aliados e a indústria para contrariar a influência da China no espaço dos recursos minerais dos fundos marinhos”, lê-se. “A liderança do Presidente Trump está a posicionar os Estados Unidos na vanguarda da produção e inovação de minerais críticos. Com esta ordem executiva, o Presidente Trump está a acelerar a exploração e o desenvolvimento de minerais no fundo do mar para desbloquear vastos recursos offshore para a vantagem económica e estratégica da América.”

No entanto, a tarefa não será fácil nem imediata. Há quatro anos que a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, um organismo das Nações Unidas, está a tentar uniformizar normas para a exploração mineira em águas internacionais. Enquanto as empresas querem luz verde para avançar com menos entraves, os ambientalistas alertam para as consequências que a indústria e sobretudo a extração podem causar no ecossistema marinho, por exemplo, ao nível da biodiversidade.