O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, afirmou que a Rússia se opõe a um possível envio de um contingente europeu de paz para a Ucrânia em caso de paz com Moscovo. As declrações ocorrem no mesmo dia em que os EUA anunciaram um novo apoio militar de 2,4 mil milhões de euros.

"Não estamos certamente satisfeitos com as propostas feitas em nome dos representantes da equipa do presidente eleito [Donald Trump] destinadas a adiar a adesão da Ucrânia à NATO por 20 anos, bem como a introduzir um contingente de manutenção da paz composto por 'forças britânicas e europeias' na Ucrânia", disse Serguei Lavrov à agência estatal Tass.

Durante várias semanas tem havido muita especulação sobre possíveis negociações de paz entre os dois países, após quase três anos de conflito que fez centenas de milhares de mortos e feridos.

Entre as ideias exploradas pelas chancelarias europeias e por Washington, está a do envio de um contingente militar europeu para a Ucrânia, ao longo da linha da frente que se estende por cerca de mil quilómetros.

Esta hipótese poderá envolver os exércitos dos países membros da NATO, ou mesmo detentores de armas nucleares, como a França e o Reino Unido.

“É obviamente prematuro falar (...) de forças de manutenção da paz”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em 16 de dezembro.

O presidente eleito norte-americano apelou a um “cessar-fogo imediato”, prometendo conseguir obter um acordo de paz “em 24 horas”, sem nunca detalhar o seu plano.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por sua vez, disse que queria mais armas e garantias de segurança dos seus aliados ocidentais antes de qualquer negociação com Moscovo.

Vladimir Putin, por seu lado, exige ainda a rendição da Ucrânia, a sua renúncia à adesão à NATO e que a Rússia mantenha os territórios ucranianos que anexou.

EUA anunciam novo pacote de ajuda militar a Kiev

No mesmo dia, os Estados Unidos da América (EUA) anunciaram um pacote de ajuda de 2,5 mil milhões de dólares (cerca de 2,4 mil milhões de euros) para a Ucrânia, antes de o Presidente eleito, Donald Trump, tomar posse.

A vitória de Trump colocou em dúvida o futuro da ajuda norte-americana à Ucrânia, que perde terreno face às tropas russas, depois de o futuro Presidente ter prometido acabar com a guerra “em 24 horas”, sem explicar como. “Tenho o orgulho de anunciar hoje quase 2,5 mil milhões de dólares em assistência de segurança à Ucrânia, enquanto o povo ucraniano continua a defender a sua independência e liberdade face à agressão russa”, disse o Presidente cessante, Joe Biden, em comunicado.

A ajuda anunciada inclui um pacote de ajuda militar de 1,25 mil milhões de dólares (cerca de 1,20 mil milhões de euros), que permite ao Pentágono retirar armas dos arsenais dos EUA e enviá-las rapidamente para o campo de batalha. Outros 1,22 mil milhões de dólares (cerca de 1,18 mil milhões de euros) serão financiados pela Iniciativa de Assistência à Segurança da Ucrânia, ao abrigo da qual o equipamento militar é adquirido à indústria de defesa ou a parceiros.

De acordo com um outro comunicado do Departamento de Estado norte-americano, entre as armas incluídas no pacote de ajuda estarão ‘drones’, munições para lança-foguetes do tipo HIMARS, mísseis guiados oticamente, sistemas de armas antitanque, munições ar-terra e peças sobressalentes.

“Os Estados Unidos e mais de 50 nações vão continuar juntos a garantir que a Ucrânia tem as capacidades necessárias para se defender contra a agressão russa”, assegurou o secretário de Estado, Antony Blinken, citado no comunicado.

O ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, já reagiu a este anúncio, dizendo que os “Estados Unidos são um aliado fundamental da Ucrânia, fornecendo uma ajuda inestimável”.