O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky adiantou esta quinta-feira que vai discutir com a Europa a possibilidade de cobrir o financiamento de projetos humanitários, energéticos e de segurança afetados pela suspensão determinada pela administração norte-americana liderada por Donald Trump.
"Já ordenei que algumas coisas sejam feitas com os nossos próprios fundos e também que falemos com os europeus", apontou Zelensky, no seu discurso diário à nação divulgado nas redes sociais.
Alguns projetos "criticamente importantes" foram interrompidos pela decisão da nova administração norte-americana de suspender por um período de 90 dias praticamente toda a ajuda internacional oferecida por Washington, frisou.
Zelensky explicou que alguns dos projetos afetados tinham como objetivo descentralizar a geração de eletricidade na Ucrânia para a tornar menos vulnerável a ataques russos deliberados.
Outros tinham como objetivo ajudar os veteranos de guerra, que não conseguem regressar ao Exército após sofrerem ferimentos, a abrir negócios e a reintegrar-se na vida civil.
O chefe de Estado ucraniano mencionou ainda o funcionamento das passagens fronteiriças, que foram simplificadas graças ao apoio dos Estados Unidos e de outros parceiros, como uma das áreas de cooperação em que a decisão de Trump teve impacto.
"Vamos procurar mais recursos internos para isso. Existem certos problemas ao nível do Ministério da Saúde e também no domínio da cibersegurança. Também estamos a trabalhar nisso", garantiu Zelensky, acrescentando que determinou uma auditoria aos setores de atividade que deixaram de receber ajuda de Washington.
Zelensky apelou ao aumento dos contactos com a Europa para responder a estas necessidades "para que, enquanto a nova política dos EUA está a ser concebida, seja possível apoiar o povo ucraniano".
Abandonando o seu habitual estilo de comunicação, o Presidente ucraniano evitou censurar Trump pela sua decisão.
A Ucrânia está a tentar ganhar a simpatia do novo governo republicano em Washington para evitar perder o seu apoio e chegar a um acordo aceitável com a Rússia em possíveis futuras negociações de paz.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste do país vizinho, independente desde 1991 e que tinha vindo a afastar-se de Moscovo e a aproximar-se do Ocidente.