Adília Lopes "teve uma vida tão intensa quanto discreta, e o seu aparente prosaísmo deu-nos uma visão alternativa do que é a poesia", escreve o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota de homenagem à poetisa falecida esta segunda-feira e que o chefe de Estado considera "única na sua e em qualquer geração".

"Havia nos seus versos e nas suas anotações diarísticas uma dimensão de divertimento e um subtexto de desamparo que a tornaram única na sua geração e em qualquer geração", salienta Marcelo, na notapublicada no site da Presidência. No mesmo texto, o PR também aponta como Adília Lopes alargou o conceito do que é ou pode ser poético.

"Desde os primeiros livros, na década de 1980, que Adília Lopes estendeu o conceito do poético na poesia portuguesa contemporânea, jogando, de forma lúdica ou sofrida, com o trivial, o confessional, o falsamente inocente, o humorístico, o desarmante e até o perverso, não deixando de manter uma mundividência mais benevolente do que cética, e jamais cínica", lê-se logo no início da nota.

Adília Lopes, pseudónimo literário de Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, nasceu em Lisboa em 1960 e faleceu segunda-feira, dia 30, no Hospital de S. José, onde estava internada. Este ano tinha cumprido 40 anos de vida literária e reuniu a sua obra em "Dobra" (2024), numa edição com poemas inéditos. Era editada pela Assírio & Alvim.