As autoridades angolanas anunciaram no passado fim de semana que tinham desmantelado um grupo subversivo que visava atacar alvos estratégicos durante a visita do ex-Presidente norte-americano Joe Biden ao país e derrubar o regime.
Num comunicado de imprensa divulgado hoje após uma reunião extraordinária do Comité Permanente da Comissão Política da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o partido denuncia "com veemência" todos os esforços tendentes a mergulhar o país na instabilidade e condena os que são capazes de "fabricar golpes de Estado" na sua "permanente ânsia de perpetuar-se no poder".
O partido do "Galo Negro" alude às peças jornalísticas apresentadas recentemente na Televisão Publica de Angola, incluindo entrevistas ao alegado líder do grupo, que classifica como "encenações" que desrespeitam a presunção de inocência e violam direitos de cidadania "com o objetivo de manipular as mentes".
Referindo "velhos fantasmas de expor e combater as lideranças da oposição usando o terrorismo do Estado", o comunicado da UNITA aponta outros casos em que considera que o regime angolano inventou cenários de golpes de Estado para atingir os seus objetivos, como o 27 de maio de 1977, que teve como consequência a morte de dezenas de milhares de cidadãos angolanos; as centenas de mortes ocorridas no Monte Sumi, contra uma seita religiosa e o caso dos 15+2.
A UNITA critica ainda "o regime de censura instalado no seio dos órgãos de comunicação social do Estado", exigindo que as atividades das forças políticas na oposição e as opiniões dos seus líderes "façam parte da pauta informativa".
Por outro lado, o partido elogia as lideranças da sociedade civil, igrejas e instituições socioprofissionais "pela maturidade evidenciada na denúncia da instrumentalidade e no grosseirismo com que agentes do partido de regime infiltrados nas instituições têm pretendido manipular a opinião pública com vista a eternizar a atual governação" do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder desde 1975.
A UNITA faz também referência aos acontecimento na República Democrática do Congo (RDCongo), advertindo o Presidente angolano que caso seja necessário enviar um contingente das Forças Armadas Angolanas, "o faça no estrito respeito da Constituição da República de Angola.
Exorta, por fim, a Organização das Nações Unidas, a União Africana e a Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos "a trabalharem no sentido de restabelecer a paz naquela região conturbada por décadas de conflitos cíclicos mal resolvidos e acudir ao drama humanitário".
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