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O grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição) remeteu à mesa da Assembleia Nacional um requerimento solicitando a discussão de um voto de protesto contra o assassínio de 16 idosas camponesas na província angolana do Cuanza Norte, mas este foi chumbado pelo plenário.
Apenas a UNITA, o Partido de Renovação Social (PRS), Partido Humanista de Angola (PHA) e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), todos na oposição, votaram a favor do requerimento, totalizando 78 votos.
Os deputados do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, partido no poder) votaram contra a proposta da UNITA, com 107 votos, uma postura que gerou indignação do presidente do grupo parlamentar do principal partido da oposição, Liberty Chiyaka.
Um outro requerimento para a alteração da ordem do dia da reunião plenária que decorre hoje foi ainda submetido ao plenário pela UNITA, esta para a discussão e votação de um voto de protesto contra a "detenção ilegal" dos deputados Francisco Falua e João Quipipa Dias, mas também não passou no crivo do plenário, merecendo votos contra da maioria parlamentar.
Francisco Falua e João Quipipa Dias, deputados da UNITA do círculo provincial do Cuanza Norte, foram detidos, no último domingo, quando participavam numa marcha de solidariedade à morte de idosas naquela província.
O assassínio das 16 camponesas em campos agrícolas no município do Cazengo, no Cuanza Norte, foi o mote da manifestação de domingo, reprimida pela polícia local e que resultou em várias detenções, incluindo dos referidos deputados e de um jornalista, posteriormente postos em liberdade.
Liberty Chiyaka, reagindo ao voto contra do MPLA a ambos os requerimentos, expressou "indignação, revolta e profunda tristeza pela falta de solidariedade humana" manifestada no voto contra dos deputados do partido no poder.
"Temos cidadãs angolanas que foram assassinadas na província do Cuanza Norte. É dever dos representantes do povo solidarizar-se com as famílias das vítimas, é dever dos deputados protestar contra a violência que atinge famílias que nós representamos", disse.
Para o líder do grupo parlamentar da UNITA, é igualmente dever dos deputados solidarizarem-se com deputados à Assembleia Nacional que foram "ilegalmente detidos", recordando que os parlamentares se comprometeram em defender e respeitar a Constituição e as leis.
Nesta sessão plenária, os deputados aprovaram também por unanimidade um voto de congratulação ao Presidente angolano, João Lourenço, que representa Angola na presidência rotativa da União Africana (UA).
Os deputados consideraram que esta presidência é o reconhecimento de empenho pessoal do chefe de Estado angolano bem como do papel que Angola vem desempenhando em prol do desenvolvimento e da paz no continente africano.
O plenário registou ainda a movimentação de deputados, com destaque para a substituição definitiva de sete deputados da UNITA, entre eles Abel Chivukuvuku (líder do PRA JA Servir Angola) e José Alberto Catenda, que perdeu definitivamente o mandato por uso ilegal de viaturas protocolares, e pela suspensão da cessação de mandato de Mara Baptista Quiosa, atual vice-presidente do MPLA, que, desde modo, retoma o seu assento no parlamento.
DAS // VM
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