O senador do Ohio J. D. Vance aceitou formalmente a nomeação como candidato a vice-presidente pelo Partido Republicano ao lado de Donald Trump e pediu "unidade para vencer" as presidenciais de novembro.

Vance, de 39 anos e no primeiro mandato como senador, apresentou-se na quarta-feira ao país na Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee, onde explicou como passou de um forte crítico de Donald Trump a um dos maiores apoiantes.

"Aceito oficialmente a nomeação para vice-presidente dos Estados Unidos da América", disse Vance, dirigindo-se a Trump, que o aplaudiu de pé.

"Nunca darei como garantida a confiança que depositou em mim. Que honra ajudá-lo a concretizar a visão extraordinária que tem para o país. Prometo a todos os americanos, independentemente do partido, que darei tudo para servi-los", acrescentou.

Sob o olhar atento do ex-presidente, o político, relativamente desconhecido do público, partilhou com os norte-americanos a sua história de sucesso, desde a infância difícil numa família pobre, com a mãe viciada em drogas e o pai ausente, até se tornar senador em 2022.

"Esta noite é uma noite de esperança. Uma celebração do que a América já foi, com a graça de Deus, e do que em breve será novamente", disse o senador, na abertura do discurso, depois de ser apresentado no palco pela mulher, Usha Vance, filha de imigrantes indianos e que conheceu o marido na Faculdade de Direito de Yale, que ambos frequentaram.

Aplaudido pela multidão animada que repetia o seu nome, Vance pediu "unidade para vencer" as eleições e admitiu nunca ter imaginado estar nesta posição.

Biden tornou os EUA "mais fracos e mais pobres"

O candidato a vice-presidente, que também já serviu no Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, atacou as políticas do atual Presidente, Joe Biden, argumentando que as mesmas prejudicam as comunidades mais carenciadas, como aquela em que cresceu em Ohio.

J. D. Vance prometeu então defender os interesses da classe trabalhadora ao invés dos interesses de Wall Street, numa referência aos mercados financeiros norte-americanos, caso o Partido Republicano volte à Casa Branca, acusando Biden de ter tornado os EUA "mais fracos e mais pobres".

"A importação de mão-de-obra estrangeira acabou. Lutaremos pelos cidadãos americanos, pelos empregos e pelos salários", assegurou.

Vance argumentou que o país precisa de um líder que "responda ao trabalhador, sindicalizado e não sindicalizado" e que lute para trazer as fábricas de volta ao país, avaliando que esse líder é Trump.

"De alguma forma, um empresário do ramo imobiliário da cidade de Nova Iorque, chamado Donald J. Trump, estava certo em todas as questões, enquanto Biden estava errado", acrescentou.

O senador, que agradeceu a Trump não ter desistido da política, defendeu que o ex-presidente criou "a melhor economia da história para os trabalhadores" e pediu ao público para imaginar o que fará se conseguir mais quatro anos na Casa Branca.

Vance foi eleito para o Senado em 2022

Nem sempre J. D. Vance, este polémico senador republicano, foi fã de Donald Trump, que chegou a comparar com Adolfo Hitler, algo que o ex-presidente faz questão de lembrar.

Mas este ex-militar, conhecido por ter publicado um livro de memórias que foi um sucesso de vendas, só recentemente entrou na política.

Vance foi eleito para o Senado em 2022 e tornou-se um dos mais ferrenhos defensores da agenda "Make America Great Again" [tornar a América grande outra vez, numa tradução livre] de Trump, particularmente em questões relacionais com comércio, política externa e imigração.

Durante o discurso na convenção, J. D. Vance falou ainda sobre a luta da mãe, que assistia no camarote VIP da convenção, perto de Trump, contra o vício das drogas e comemorou estar "sóbria há 10 anos".

"O nosso movimento é sobre mães solteiras como a minha, que tiveram problemas com dinheiro e com o vício, mas nunca desistiram. E tenho orgulho de dizer que minha mãe está aqui, há 10 anos limpa e sóbria. Amo-te mãe", declarou.

Antes do senador, Donald Trump Jr, filho do ex-presidente e amigo de Vance, subiu ao palco da Convenção e elogiou a escolha do pai para vice-presidente.

"Não importa quem você é, você pode fazer parte deste movimento para Tornar a América Grande Outra Vez. Olhe para mim e para o meu amigo J. D. Vance: ele um rapaz da Appalachia e eu da Trump Tower, em Manhattan. Crescemos em mundos separados, mas agora lutamos ambos lado a lado para salvar o país que amamos", observou.

"E, a propósito, J. D. Vance será um ótimo vice-presidente", disse.

O terceiro e penúltimo dia da Convenção Nacional Republicana, que termina hoje, ficou ainda marcado pela presença de familiares de 13 fuzileiros navais norte-americanos mortos durante a retirada dos Estados Unidos do Afeganistão, há três anos, que defenderam terem sido esquecidos por Biden, mas apoiados por Trump.

Na plateia, alguns dos participantes da convenção usavam curativos na orelha direita, tal como Donald Trump, que apareceu no evento com o mesmo tipo de curativo depois da tentativa de assassínio de que foi alvo no sábado, num comício na Pensilvânia.