"Vamos sacrificar dois dias das nossas vidas para que todos nós nos manifestemos. E não precisamos de informar a polícia, o município", anunciou Venâncio Mondlane, através de uma comunicação de mais de 45 minutos na rede social Facebook.
"O país nestes dois dias deve ficar parado", afirmou, descrevendo esta como a segunda etapa do que denomina de "roteiro revolucionário" de Moçambique, insistindo que a CNE se prepara para anunciar "resultados profundamente falsos".
"Não é o que o povo votou. Isso está claro", afirmou, numa alusão ao apuramento dos resultados ao nível das províncias, que dão a vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos.
Na intervenção, que descreveu ser feita a partir de "parte incerta", Venâncio Mondlane disse estar a convocar para estes dois dias "manifestações em todos os bairros, distritos e postos administrativos" do país, e como um "presente" para a CNE.
As comissões distritais e provinciais de eleições já concluíram o apuramento da votação, que segundo os anúncios públicos dão vantagem à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) e ao candidato presidencial que o partido apoia, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos, embora o candidato presidencial Venâncio Mondlane conteste esses resultados, alegando com os dados das atas e editais originais da votação.
Após o duplo homicídio de Elvino Dias, advogado de Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que o apoia Mondlane, na sexta-feira, o candidato convocou também a realização de marchas pacíficas em Moçambique, na segunda-feira, que foram dispersas com tiros para o ar e gás lacrimogéneo em Maputo.
Em declarações aos jornalistas, na segunda-feira, Mondlane avisou que a marcha daquele dia era apenas a primeira de quatro fases de protestos até ao anúncio dos resultados das eleições, que incluíram as sétimas presidenciais em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais, pelo Conselho Constitucional.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem 15 dias para anunciar os resultados oficiais, data que se cumpre em 24 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, após concluir a análise, também, de eventuais recursos, mas sem prazo definido para esse efeito.
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