O presidente do Chega afirmou hoje que o Governo "nunca teve interesse nenhum em fazer nenhuma negociação" orçamental e que quer "provocar eleições para sair delas mais forte e sem precisar de negociar com a oposição".
Em declarações aos jornalistas na sede nacional do partido, em Lisboa, André Ventura disse que, além do Governo, também o PS "está a fazer o mesmo jogo" e que Pedro Nuno Santos "quer eleições e só não sabe quando, nem sabe quando é que a máquina do PS lhe deixa querer eleições".
Referindo-se às acusações sobre as negociações orçamentais entre o Governo e o PS este domingo, Ventura disse que está a ser feito "um espetáculo triste" que mostra que "nem Luís Montenegro, nem Pedro Nuno Santos estão preocupados em dar um orçamento ao país".
"Os dois querem sair desta novela do orçamento o melhor possível, sem se responsabilizar pela crise política que o Presidente da República já anunciou que virá se não houver orçamento. É deste espetáculo que o Chega está fora, porque percebeu desde o primeiro momento que o Governo não queria, na verdade, negociar com ninguém", frisou.
André Ventura disse ainda que a reunião agendada entre o Montenegro e Pedro Nuno é um "exemplo de como está a política portuguesa", uma vez que no "próprio dia em que o PS se queixou de que não havia reunião e em que o PS negou que não tivesse estado disponível, miraculosamente, cinco minutos depois, está marcada uma reunião para sexta-feira".
"É assim que se faz política em Portugal. É assim que as coisas acontecem, e é bom que as pessoas percebam isto, porque mostra bem a falta de nível de compromisso que quer PS quer PSD têm nesta questão do Orçamento do Estado", acrescentou.
O líder do Chega reiterou ainda que o Governo só poderá contar com o partido para viabilizar o OE no caso de ser construída uma nova proposta de raiz que não conte com a validação dos socialistas.
Ventura garantiu também que o partido não tem receio de ir novamente a votos e que isso daria "ideia de que [o Chega] tem medo de ouvir as pessoas, quando não foi tido nem achado, nem consultado neste documento".
O presidente do Chega reiterou que uma eventual crise resultante da não viabilização do próximo orçamento pode ser negativa, politicamente, para o PSD, o PS e o Chega, mas que "sobretudo vai ser muito má para o país".
"Independentemente de quem venha a beneficiar ou ser prejudicado com ela, e mesmo que os nossos partidos venham a ser prejudicados com ela. Isto será mau para Portugal. E acho que os líderes políticos deviam ter tido isso em conta há uns meses atrás", disse.
Chega pede debate de urgência sobre incêndios e exige mudanças na Proteção Civil
O Chega anunciou hoje que pediu o agendamento, para quinta-feira, de um debate de urgência com o Governo no parlamento sobre "o que correu mal" no combate aos incêndios e exigir mudanças na liderança da Proteção Civil.
André Ventura, na mesma conferência de imprensa, insistiu na necessidade de haver substituições na liderança da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), nomeadamente do seu presidente, José Duarte da Costa.
"O sistema de proteção civil em Portugal voltou a falhar. Parece evidente que este sistema de proteção civil, no seu modelo de organização, na sua conexão com os diversos corpos de bombeiros, no seu modelo de implementação do território, no seu modelo de organização dos meios de ajuda e combate, falhou com grande significado e com grande impacto", criticou o líder do Chega.
O pedido foi apresentado hoje, esclareceu Ventura, e o objetivo do partido é que este debate ocorra na próxima quinta-feira antes do plenário agendado para a tarde desse dia.
O Governo pode apresentar a debate qualquer membro do executivo, mas André Ventura explicou que o Chega pretende que seja a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, a prestar esclarecimentos aos deputados e que já encetou contactos com o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, para garantir a presença da responsável pela Proteção Civil.
André Ventura quer que este seja um debate "sobre tudo o que correu mal em relação aos incêndios", sobre o que pode ser feito para "prevenir para que não voltem a acontecer", afirmando que voltaram a registar-se falhas que já tinham sido alvo de "promessas políticas de que não voltariam a ocorrer".
"O parlamento deve, por isso, exigir estas responsabilidades ao Governo em matéria da reorganização destes serviços. Mas também na própria redefinição do modelo de proteção civil e no debate sobre o que podemos mudar e o que temos de fazer já, para garantir que ou ainda este ano ou no próximo não temos um novo drama de incêndios", defendeu.
O presidente do Chega disse ainda que pretende apurar "se houve ou não falhas mais graves" do que as apontadas e perceber a veracidade sobre os relatos de autarcas do país sobre a alegada indisponibilidade da ministra para ser contactada durante os incêndios - que já foi negada pela própria governante.