O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou-se preocupado com informações divulgadas nas redes sociais sobre a suposta presença de mercenários do grupo russo Wagner na Venezuela, alertando que eles levam "morte e desestabilização" aonde quer que vão.
"É um exemplo claro da interferência descarada da Rússia nos assuntos internos de outros países, assim como da sua estratégia habitual de semear o caos em todo o mundo", afirmou numa mensagem publicada nas suas redes sociais.
Zelensky observou que os venezuelanos estão a atravessar "tempos muito difíceis", para os quais a única saída possível é através de "vias pacíficas e democráticas".
"Condenamos o uso da força contra manifestantes pacíficos e pedimos a todos que respeitem a decisão do povo. Os verdadeiros líderes não se escondem do seu próprio povo atrás de mercenários", concluiu.
Nos últimos dias, vários meios de comunicação social fizeram eco de imagens não verificadas publicadas nas redes sociais que, segundo os seus divulgadores, mostram mercenários do grupo Wagner a colaborar com a polícia venezuelana na repressão dos protestos contra o Governo do Presidente venezuelano Nicolás Maduro e a alegada fraude eleitoral nas eleições presidenciais de 28 de julho.
A história destas suspeitas, no entanto, não começa em 2024. Em janeiro de 2019, o jornal “The Guardian” noticiou que cidadãos russos contratados como seguranças privados viajaram para a Venezuela para proteger o Presidente Nicolás Maduro. A agência Reuters citava, nessa ocasião, três fontes que adiantavam que os mercenários pertenciam ao grupo Wagner, que realizou missões na Ucrânia, na Síria e em países de África.
“Na segunda-feira saiu a ordem para formar um grupo para ir à Venezuela. Estão lá para proteger aqueles que estão nos mais altos níveis do Governo”, disse Yevgeny Shabaev, um líder paramilitar, ao jornal “The Guardian”.
As denúncias surgiram depois de os EUA terem dado o seu apoio ao líder da oposição, que era então Juan Guaidó, e que se tinha declarado Presidente. A Rússia e a China, que investem fortemente no país, atacaram então os EUA pela ingerência na soberania da Venezuela. O Presidente russo, Vladimir Putin, acusou os EUA de “interferências destrutivas”. O primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, classificou-o como um “quase golpe”.