Miguel Reis, antigo presidente da Câmara de Espinho e arguido no processo Vórtex, disse esta quinta-feira que não aceita refeições grátis, mas admitiu ter aceitado um jantar oferecido por Francisco Pessegueiro, coarguido no processo, para não "armar barraco".

"Não aceito almoços. Não aceito jantares (...). Não queria que o jantar me fosse oferecido, mas foi", afirmou o ex-autarca, durante o julgamento.

Em causa estava um jantar para celebrar o aniversário da mulher de Miguel Reis, ocorrido em maio de 2022, no restaurante "A Cabana", de Francisco Pessegueiro.

A acusação do Ministério Público diz que Pessegueiro deu instruções a um funcionário para oferecer o jantar e champanhe a Miguel Reis para estabelecer uma relação de proximidade com aquele.

O ex-autarca disse que acabou por aceitar a oferta de Francisco Pessegueiro porque "não queria estar ali a armar barraco no meio do restaurante", adiantando que a sua mulher "ficou muito desagradada com esta situação".

"Posso dizer que o jantar acabou quase por ali. Não comemos bolo, não tivemos champanhe. O que nós comemos foi meia salada de búzios, bebemos dois finos e dois pregos e viemos embora", afirmou.

O arguido referiu ainda que não tinha nenhuma relação pessoal com Francisco Pessegueiro, adiantando que o conheceu numa "reunião de cumprimentos" durante a campanha eleitoral para as autárquicas, em que concorreu à presidência do município.

Contou ainda que, durante muitos anos, a sua família comprou carne nos talhos da família Pessegueiro no Porto e em Espinho, mas realçou que era tudo pago com cartão multibanco.

Miguel Reis está acusado de quatro crimes de corrupção passiva e cinco de prevaricação.

O processo Vórtex está relacionado com "projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos".