O líder do Hamas, Yahya Sinwar, está morto. Era um dos objetivos de Israel na longa e inclemente guerra que tem mantido contra os palestinianos em Gaza e está atingido. O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Ismael Katz, confirmou a notícia, assim que foram concluidos os testes de ADN.

Desde o ataque de 7 de outubro, as aparições do líder do Hamas haviam sido escassas. Há apenas uma semana, o ‘The Times of Israel’ noticiava que os Estados Unidos acreditavam que Sinwar estava a viver em túneis sob Gaza, com reféns perto de si. Numa publicação na rede social X (antigamente conhecida por Twitter), as forças israelitas descreveram esta quinta-feira ter “eliminado três terroristas” e que estavam a analisar a possibilidade de um deles ser Sinwar, acrescentando que não havia sinais da presença de reféns na zona.

Yahya Sinwar, que é considerado um dos principais arquitetos do ataque de 7 de Outubro, assumiu a liderança do grupo palestiniano depois de o seu antecessor, Ismail Haniyeh, ter sido morto, em 2023, num ataque concretizado no Irão e que foi atribuído a Israel. Fontes da Reuters indicaram à agência noticiosa que Sinwar encarava um conflito armado como a única forma de forçar a criação de uma nação palestiniana.

“Sinwar tem demonstrado baixa propensão para o compromisso e parece pronto para aceitar a morte em vez do exílio no estrangeiro, um resultado que vai contra os seus princípios e os do Hamas. A curto prazo, como olha para os reféns como uma apólice de seguro, não vai mostrar interesse em libertá-los a todos – pelo menos não depressa”, escrevia em fevereiro Neomi Neumann, na organização ‘The Washington Institute’. Em setembro, um representante israelita disse, em declarações à CNN Internacional, que - em troca da libertação de todos os reféns e desmilitarização de Gaza - acreditava que se concordaria "em dar uma passagem segura” a Sinwar para sair do território. Segundo o ‘The Times of Israel’, uma proposta com esses termos foi posta de parte pelo Hamas como sendo “ridícula”.

Nascido num campo de refugiados em Gaza em 1962, Sinwar ganhou a reputação de ser o “carniceiro de Khan Younis” pela sua abordagem aos palestinianos suspeitos de colaborarem com Israel, indica a 'Associated Press'.

“O primeiro trabalho dele quando estava no Hamas era investigar, torturar e frequentemente matar pessoas que colaboravam com os israelitas, e ele era particularmente brutal em relação a isso. Finalmente, foi detido nos final dos anos 1980 e esteve na prisão durante 20 anos. Durante o tempo em que esteve encarcerado, assumiu a missão de conhecer o seu inimigo”, descreveu o editor da ‘New Yorker’, David Remnick, em entrevista à NPR.

Sinwar foi libertado em 2011 pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu entre mais de mil prisioneiros, numa troca pelo soldado israelita Gilad Schalit. A ‘Al Jazeera’ aponta que, depois da sua libertação, subiu dentro da estrutura do Hamas e passou a coordenar o braço armado, as Brigadas Al-Qassam.

Há cerca de três anos, Yahya Sinwar deixou uma mensagem interpretada como um convite a Israel para o matar, noticiou a Associated Press. “Vou caminhar até casa depois deste encontro”, lançou, ao terminar um discurso público seguido de apertos de mãos e fotografias com pessoas nas ruas.