"Presumimos que as discussões [sobre a paz na Ucrânia] vão decorrer em paralelo" à reunião em Munique, na Alemanha, disse o presidente da Conferência, Christoph Heusgen, aos jornalistas.

A presença em Munique do enviado norte-americano para a Ucrânia e Rússia, Keith Kellogg, é para Heusgen "um indício" de que a conferência pode ser uma oportunidade para discutir os "contornos" de um plano de paz para a Ucrânia.

Zelensky disse na sexta-feira que Washington e Kiev estavam a planear "reuniões e conversas", sem adiantar datas ou locais, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter colocado a possibilidade de um encontro com o líder ucraniano.

Na reunião em Munique vão participar também o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, e secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.

"Até ao momento, não foi expresso qualquer desejo por qualquer dos lados de que as autoridades russas (...) venham" a Munique, sublinhou Heusgen.

Para a cimeira em Munique foram convidadas organizações não-governamentais (ONG) da oposição, ativas na Rússia ou exiladas no estrangeiro.

A organização da Conferência disse esperar que a cimeira, que acontece entre sexta-feira e domingo, seja uma ponte para "o progresso em direção à paz na Ucrânia".

O chefe de gabinete da Presidência ucraniana, Andrii Yermak, já havia indicado à agência de notícias Associated Press (AP), na quinta-feira passada, que a delegação ucraniana será liderada por Zelensky e vai apresentar a posição de Kiev sobre o fim da guerra e "uma paz longa e duradoura" com a Rússia.

A cimeira de Munique é um fórum regular para discussões globais sobre segurança internacional que assumiu um novo significado com o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

A conferência anual decorre num momento crucial para a Ucrânia, que se esforça por estabelecer uma relação com a nova administração dos Estados Unidos, o seu principal parceiro bilateral no esforço de guerra.

Durante a campanha eleitoral, o Presidente norte-americano, Donald Trump, prometeu pôr fim ao conflito no prazo de 24 horas, revendo esta promessa para seis meses após a sua tomada de posse, em 20 de janeiro.

No entanto, a Rússia e a Ucrânia continuam distantes nas suas posições, embora tenham assumido uma inédita postura de diálogo desde que Trump regressou à Casa Branca.

Na reunião de Munique, Yermak espera que a Ucrânia possa discutir as garantias de segurança que podem ser postas em prática para evitar a persistência de agressões por parte da Rússia.

O conselheiro presidencial ucraniano afirmou que não há uma data definida para um encontro entre Zelensky e Trump, mas reiterou que deve acontecer o mais rapidamente possível: "Estamos a trabalhar nisso".

Yermak confirmou, porém, que o enviado especial de Trump para a Ucrânia e Rússia visitará Kiev após a Conferência de Segurança de Munique, no final de fevereiro.

Numa tentativa de pôr a nova administração norte-americana em dia, os ucranianos planeiam fornecer à Kellogg "informações completas e reais" sobre a situação no campo de batalha, os esforços de mobilização em curso e a entrega de armas e equipamento militar.

Na segunda-feira passada, Trump indicou que quer chegar a um acordo com a Ucrânia para ter acesso aos depósitos de terras raras do país como condição para continuar o apoio de Washington a Kiev.

A observação está em linha com elementos do "plano de vitória" de Zelensky, que apresentou aos seus aliados de Kiev, incluindo ao novo líder norte-americano no fim do ano passado.

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