O Presidente ucraniano está disposto a partilhar recursos com os aliados, depois de Donald Trump ter exigido acesso a matérias-primas ucranianas em troca de apoio militar, e pediu para ser recebido antes de Vladimir Putin. “Isto é o que eu abordaria com o Presidente Trump: não apenas como acabar com a guerra, mas como garantir uma segurança duradoura, uma forte cooperação económica e um futuro em que a Ucrânia seja um parceiro estratégico líder dos Estados Unidos”, escreveu Volodymyr Zelensky na rede social X.

“Isto é o que eu abordaria com o Presidente Trump: não apenas como acabar com a guerra, mas como garantir uma segurança duradoura, uma forte cooperação económica e um futuro em que a Ucrânia seja um parceiro estratégico líder dos Estados Unidos”, escreveu Volodymyr Zelensky na rede social X, depois de Trump ter indicado que os dois poderiam reunir-se na próxima semana em Washington. O Presidente ucraniano disse que um dos objetivos da Rússia com a guerra é controlar os abundantes recursos de que a Ucrânia dispõe e que são essenciais para o fabrico de armas modernas, como mísseis, ‘drones’ e outras tecnologias.

“Se não agirmos agora, estes recursos não serão usados apenas contra a Ucrânia, mas poderão eventualmente ser usados contra os Estados Unidos e contra a Europa”, alertou. As regiões de Donetsk (leste) e Zaporijia (sul) contêm “vastas reservas” de terras raras, referiu o Presidente ucraniano, acrescentando que Dnipropetrovsk (centro) contém “grandes depósitos” de minério ferruginoso e na Ucrânia central existem “as maiores reservas de titânio da Europa”. O país tem também das maiores reservas de urânio do continente, garantiu.

"Eu disse aos nossos parceiros americanos: invistam na Ucrânia. Tragam empresas. Trabalhem connosco. Vamos desenvolver estes recursos juntos". Zelensky aludiu também à capacidade ucraniana de produzir energia nuclear e à indústria do carvão, incluindo o antracite, que se encontra precisamente nas regiões de Donetsk e Lugansk, parcialmente ocupadas pela Rússia. O Presidente ucraniano destacou, por outro lado, que o país está disposto a tornar-se um “nó chave” para a importação de gás natural liquefeito (GNL) dos EUA para a Europa, graças às jazidas que diz serem as maiores do continente e à infraestrutura de gasodutos já existente. "Estamos em contacto com a equipa do Presidente Trump e apoiam totalmente o interesse da Ucrânia no GNL. Não se trata apenas de gás, trata-se de reduzir a dependência da Europa da energia russa. Alguns países europeus ainda compram gás russo devido aos seus antigos laços e pressão política", explicou.

O Presidente antecipou que os esforços de reconstrução na Ucrânia, quando a guerra terminar, representarão "uma enorme oportunidade económica", da qual as empresas americanas na linha da frente também poderão beneficiar. Por último, Zelensky considerou que é “essencial” reunir-se com Trump antes de o chefe de Estado norte-americano reunir com o Presidente russo, Vladimir Putin, caso contrário seria “injusto”, pois significaria decidir sobre o futuro da Ucrânia sem os ucranianos. "Qualquer tipo de negociação real deve começar com a Ucrânia e os seus aliados, alinhando as suas posições primeiro. Só depois disso pode haver conversações com o agressor", defendeu. Uma visita de Trump a Kiev seria um “passo importante e necessário” neste sentido, concluiu.