O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky destacou esta que a imprevisibilidade de Donald Trump, que toma posse em 20 de janeiro como novo presidente dos Estados Unidos, pode ajudar a terminar com a guerra na Ucrânia.
"Trump pode ser decisivo (...) nesta guerra. Ele pode ajudar-nos a travar [Vladimir] Putin. Ele é muito forte e imprevisível", vincou Zelensky, durante uma entrevista televisiva.
Para o chefe de Estado ucraniano, o presidente eleito dos EUA "quer realmente acabar com a guerra".
"Gostaria muito que esta imprevisibilidade do Presidente Trump se aplicasse à Rússia."
A chegada de Donald Trump à Casa Branca aumenta a esperança em Kiev de decisões fortes após quase três anos de invasão russa, mas também o receio de uma quebra no apoio financeiro e militar norte-americano, que o republicano criticou inúmeras vezes.
Zelensky recusou-se durante muito tempo a negociar o fim da guerra com Vladimir Putin, mas recentemente suavizou a sua posição, concordando nomeadamente em desistir temporariamente de tentar retomar os territórios conquistados por Moscovo, em troca de garantias de segurança da NATO e de um aumento no número de armas.
Garantias de segurança sem os EUA serão "garantias fracas"
O governante ucraniano vincou esta quinta-feira que quaisquer garantias de segurança para a Ucrânia que não envolvessem os Estados Unidos serão "garantias fracas".
Embora vários países europeus, incluindo a França, tenham apresentado a ideia de enviar um possível contingente militar para a Ucrânia em caso de acordo de paz, Volodymyr Zelensky considerou que tal iniciativa não deveria substituir a adesão do seu país à NATO.
"Não gostaríamos que houvesse apenas um ou dois países para esta iniciativa. Esta iniciativa deve absolutamente ir no sentido da NATO. Isto não significa que o envio de forças europeias exclua um futuro dentro da NATO."
As forças ucranianas estão há meses em dificuldades na frente leste e estão a recuar em vários setores. Zelensky reconheceu assim que a situação é "realmente muito difícil" e que as tropas ucranianas "estão cansadas", em particular devido à "falta de reservas e rotação" de tropas.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.