O Presidente da Ucrânia considera que apenas Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França podem levantar as restrições ao uso de armas de longo alcance impostas a Kiev para responder aos ataques russos. “Depende deles, não do resto de outros países amigos”, afirmou Volodymyr Zelensky durante uma conferência de imprensa com o primeiro-ministro irlandês Simon Harris, que se encontra em visita oficial à capital ucraniana.
O líder ucraniano sublinhou a necessidade da aprovação do uso de armas de longo alcance “por parte daqueles que as dão”. “É a eles que compete e não aos outros amigos. Depende dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França, da Alemanha”, enumerou.
Zelensky aproveitou também para explicar que é precisa “uma nova energia” depois de mais de dois anos de guerra com a Rússia, no sentido de justificar a remodelação do Governo, que inclui o chefe da diplomacia. “Alguns deles são ministros há cinco anos e precisamos de energia nova”, argumentou.
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano apresentou a demissão numa carta dirigida ao Parlamento. Dmytro Kuleba, de 43 anos, era responsável pela pasta desde 2020. A demissão surge depois de os ministros da Justiça, das Indústrias Estratégicas e do Ambiente terem também apresentado a demissão ao Parlamento, juntamente com a vice-primeira-ministra e o diretor do Fundo de Propriedade do Estado.
Em Moscovo, o porta-voz do Kremlin declarou que as mudanças que estão a acontecer no Governo ucraniano não influenciarão “de forma alguma” as perspetivas de um processo negocial entre os dois países. “Não, isso não influenciará de forma alguma e não tem nada a ver com as perspetivas de um processo de negociação”, afirmou Dmitry Peskov.
Outras notícias do dia:
⇒ Pelo menos sete pessoas, incluindo três crianças, morreram num ataque de mísseis russos contra a cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, a cerca de 70 quilómetros da fronteira com a Polónia, segundo o ministro do Interior. Em reação, o Presidente ucraniano apelou novamente ao Ocidente para fornecer mais equipamento de defesa antiaérea.
⇒ Os militares russos indicaram que o ataque com mísseis realizado na terça-feira, que matou pelo menos 53 pessoas e feriu mais de 200 em Poltava, no centro da Ucrânia, teve como alvo um centro de treino militar. “Todos os alvos escolhidos foram destruídos”, refere a nota do Ministério da Defesa russo.
⇒ O Presidente dos Estados Unidos reafirmou o apoio à Ucrânia, depois do ataque russo à cidade de Poltava. Joe Biden condena o “deplorável ataque nos termos mais fortes possíveis” e garante que “os Estados Unidos vão continuar a apoiar a Ucrânia, incluindo fornecimento de sistemas de defesa aérea e as capacidades que necessitam para proteger o seu país”, lê-se numa declaração.
⇒ Também a Alemanha não vai abrandar o apoio militar à Ucrânia, garantiu o chanceler Olaf Scholz, tentando dissipar os receios de que Berlim possa desiludir Kiev. “O apoio da Alemanha à Ucrânia não vai cessar. Fizemos provisões, fechámos acordos [de defesa] e garantimos o financiamento em tempo útil para que a Ucrânia possa continuar a confiar plenamente em nós no futuro”, salientou durante um discurso numa base militar em Todendorf.
⇒ A Ucrânia e a Irlanda assinaram um “acordo bilateral de segurança” que “permitirá realizar plenamente o potencial de cooperação” entre os dois países e parceiros. “O acordo garante também um apoio contínuo às nossas necessidades humanitárias e de infraestruturas, com quase 170 milhões de euros atribuídos só para este ano. Trata-se de um compromisso para dez anos”, escreveu o Presidente ucraniano na rede social X.
⇒ O diretor-geral da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) apelou a vigilância permanente, ao visitar a central nuclear ucraniana de Zaporíjia, controlada pela Rússia desde o início da guerra, em 2022. “Não podemos baixar a guarda. Temos de permanecer num estado de vigilância constante até que o conflito termine ou entre numa fase em que não haja hostilidades ativas”, alertou Rafael Grossi. No caso de Zaporíjia, acrescentou, “não se pode excluir que algo de grave possa acontecer”.
⇒ A capacidade foi reduzida numa unidade da central nuclear do sul da Ucrânia depois de os ataques russos terem danificado o sistema de transmissão de eletricidade do país, informou a empresa nuclear Energoatom. A produção de eletricidade na unidade foi reduzida em 33%, mas não foi especificado quando tal aconteceu. Os ataques aéreos russos atingiram instalações de energia e infraestruturas críticas em nove regiões ucranianas nas últimas 24 horas, de acordo com as autoridades ucranianas.
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