Os psicólogos clínicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) escreveram uma carta aberta à ministra da Saúde, na qual afirmam estar de “luto”. Os profissionais queixam-se de serem esquecidos pelos sucessivos governos e de não terem atualizações salariais há décadas.
Na véspera do Dia Mundial da Saúde Mental, que se assinala esta quinta-feira, os psicólogos do SNS garantem que não têm motivos para festejar. Falam num “desinvestimento no SNS, e na saúde mental em particular”, que, alertam, representa “sérios riscos para os utentes”.
Na carta aberta que dirigem à ministra Ana Paula Martins, os psicólogos clínicos dizem-se esquecidos e desvalorizados “pelos sucessivos Governos e Ministro(a)s da Saúde”. Afirmam que a tabela remuneratória e os concursos para progressão não são atualizados desde a criação da especialidade, há 30 anos, e que, por isso, estes profissionais têm ficado estagnados.
"Sentimento de injustiça"
De acordo com os psicólogos do SNS, 85% destes profissionais continuam no primeiro nível da carreira, sem atualizações da tabela remuneratória, apesar de a idade média dos psicólogos ser superior a 50 anos.
“Um elevado número destes especialistas em psicologia clínica encontra-se na mesma categoria há 17 anos”, denunciam.
“O enquadramento atual, dos psicólogos clínicos especialistas, maioritariamente abrangidos por esta situação de congelamento na carreira, há duas décadas, em nada promove a organização dos serviços prestados e a disciplina e o rigor técnico científico, que a profissão exige”, reclamam.
Os psicólogos clínicos afirmam sofrer uma "perda salarial arrastada, sem justa remuneração nem direito a progressão na carreira” e, assumem, por isso, na carta aberta à ministra da Saúde, “um desânimo geral e um sentimento de injustiça”.
Resposta "muito longe" das necessidades
A saúde mental tem sido afirmada como uma das prioridades do novo Governo para a área da Saúde, sendo um dos cinco eixos estratégicos do Plano de Emergência e Transformação na Saúde, apresentado em maio.
No entanto, a ministra Ana Paula Martins reconheceu, há três meses, que a resposta na área da saúde mental no SNS está ainda “muito longe” das necessidades.
A governante apontou o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) como uma das ferramentas para conseguir avançar na melhoria dos cuidados nesta área.