A fase regular da Conference League está prestes a começar e apesar do novo formato, um pouco diferente da Champions League e Europa League, mas que ainda assim beneficia os mais fortes, esperamos continuar a ter histórias absolutamente utópicas dignas dos sonhos mais criativos e ambiciosos.

Segundo um estudo feito pela plataforma “Football Meets Data”, que após 10 000 simulações calcula as probabilidades de todas as equipas chegarem às fases a eliminar da Liga Conferência, conclui-se que o estreante português Vitória SC tem a sétima maior probabilidade (4%) de vencer a competição.

Contudo, quem poderão ser as equipas que podem escrever os seus nomes a tinta permanente na quarta edição da Conference League?

FC Noah

A presença do segundo classificado do campeonato arménio nesta fase final da competição é, por si só, uma surpresa autêntica, tendo sido a única equipa presente na primeira fase de qualificação a conseguir qualificar-se. Desde aí venceram quatro eliminatórias.

O primeiro adversário a cair foi o KF Shkendija 79, vice-campeão macedónio (4-1), seguindo-se o terceiro classificado maltês, o Silema Wanderers (7-0). O primeiro verdadeiro desafio surgiu frente ao AEK, equipa grega com muita regularidade nas provas da UEFA, eliminada com muita categoria (3-2). O último eliminado seria o Ružomberok (4-3), vencedor da taça eslovaca, após um golo ao minuto 88.

A equipa até pode nem estar a brilhar nas provas internas, mas o desejo de continuar a brilhar na Europa certamente não cairá por terra.

Com uma equipa técnica totalmente portuguesa e uma equipa com caras bem conhecidas do futebol português, os portugueses Gonçalo Silva, Hélder Ferreira e Gonçalo Gregório e os brasileiros Pablo Santos e Matheus Aiás, a turma comandada por Rui Mota, aliada a um sorteio simpático, pode, na minha opinião, tornar o seu sonho realidade.

FC Copenhaga

Ainda há não muito tempo o Copenhaga estava nos oitavos de final da Liga dos Campeões, após terminar em segundo lugar no grupo, à frente de Manchester United e Galatasaray.

A equipa da capital dinamarquesa chega à Conference League após três eliminatórias, onde eliminou os FCB Magpies do Gibraltar (8-1), o Banik Ostrava da República Checa (1-1(2-1)) e o Kilmarnock da Escócia (3-1).

Possui sempre equipas competitivas que fazem coexistir a veterania e experiência de peças como Thomas Delaney, Mohamed Elyounoussi e Rasmus Falk Jensen com a juvenialidade de jogadores como Oliver Hojer, Amin Chiakha e Victor Froholdt.

Treinados por Jacob Neestrup, dinamarquês de 36 anos, a equipa varia normalmente entre o 4-3-3 e o 4-2-3-1 e tem em Magnus Mattsson e Elias Achouri, os jogadores mais vertiginosos e capazes de ferir o adversário, apesar do maior destaque ser coletivo e não individual, após algumas perdas como Orri Óskarsson (Real Sociedad), Elias Jelert (Galatasaray) ou Diogo Gonçalves (Real Salt Lake).

O sorteio foi simpático, tendo em conta as receções, apesar das visitas a Sevilha, para defrontar o Bétis e a Viena.

St. Gallen

Apesar da derrota em Yverdon-les-Bains na última jornada, o início de temporada do St. Gallen parece-me prometedor. Eliminou o Tobol, vencedor da taça do Cazaquistão (5-1), o Slask Wroclaw, com um penálti aos 90+18 (4-3), e o Trabzonspor (1-1(5-4)), de forma surpreendente.

Comandados por Enrico Maassen, com bagagem de Bundesliga ao serviço do Augsburgo, a equipa alinha num 4-4-2 losango e tem em Willem Geubbels, avançado que em 2018 custou 20 milhões de euros ao Mónaco, a sua figura principal de ataque. No meio-campo há Bastien Toma, médio mais ofensivo ex-Paços de Ferreira, Jordi Quintillà, médio mais recuado formado no Barcelona e Christian Witzig, interior esquerdo suíço, com boa chegada ao último terço que deve estar “à porta” de uma convocatória por Murat Yakin para a seleção nacional. Na baliza, Lawrence Ati Zigi é um dos meus guarda-redes africanos preferidos.

É verdade que o sorteio esteve longe de ser simpático, mas acredito no potencial desta equipa. Esta época, para além da eliminatória na Turquia, já goleou o Young Boys (4-0), que está na Liga dos Campeões e o Zürich (4-1).

Pelo contrário, quem poderão ser as desilusões da Conference League?

Chelsea

O Chelsea é, não só a melhor, como também a equipa com o plantel mais profundo da prova, por larga distância e por isso, tudo o que não seja a conquista da Conference League será uma desilusão.

Apesar do plantel ter sido estritamente reduzido por Enzo Maresca e teria obrigatoriamente que o ser, há pelo menos 2 opções viáveis por posição que serão certamente muito importantes na primeira fase da competição, onde os blues caminharão sem grandes dificuldades, previsivelmente, guardando os melhores para as partidas mais importantes (Cole Palmer, por exemplo, ficou de fora da lista para a primeira fase desta prova).

O foco principal do Chelsea estará na Premier League e no regresso à Liga dos Campeões, contudo a conquista da Conference League será certamente um dos objetivos primordiais para a presente temporada.

A época é comprida, densa e acarretará sempre algumas lesões, podendo levar a equipa a ter que abdicar de combater em alguma das frentes, fazendo que com algum dos objetivos fique por terra.

Apesar de existirem alguns jogos de dificuldade elevada no contexto de Liga Conferência, a passagem, pelo menos à fase de playoff, estará praticamente garantida.

Hearts

O Hearts regressa à Liga Conferência dois anos depois, tendo sido eliminado na fase de grupos na sua última presença.

Apesar de ter sido terceiro classificado no Scottish Premiership da época transata e até ter tido Lawrence Shankland como melhor marcador da competição com 24 golos, o início de época da turma de Steven Naismith tem sido verdadeiramente tenebroso. Soma dez jogos sem vencer, duas eliminações, uma no playoff de qualificação para a Liga Europa frente ao Viktoria Plzen (2-0) e outra na Taça da Liga frente ao Falkirk do segundo escalão (2-0) e zero pontos fora de portas.

Com uma fase tão má, não há calendário que se salve. Pode ser que o sonho europeu transforme a equipa de Midlothian.

Legia Varsóvia

Já longe vão os tempos áureos do Legia na Polónia, o último campeonato conquistado foi há já quatro anos (2020/2021) e parece que a seca vai aumentar, visto que em dez jornadas já escorregou seis vezes e está já a uma dezena de pontos da liderança.

O plantel comandado por Gonçalo Feio e onde joga Rúben Vinagre não tem grandes nomes no panorama europeu, não há nenhum grande jogador em fase mais adiantada da carreira, por exemplo, e falta claramente uma referência ofensiva para marcar muitos golos, já que Tomáš Pekhart já não caminha para novo, Josué saiu para o Coritiba e Blaž Kramer para o Konyaspor.

Os encontros mais complicados (Bétis e Lugano) ficaram para ser jogados em Varsóvia e apesar dos jogos fora serem de dificuldades menos elevada, podem atraiçoar os polacos.

Aconteça o que acontecer, uma coisa é praticamente certa. Existirão mais jogos e, consequentemente, mais espetáculo.