
Muitos faziam o funeral, muitos apontavam ao último prego no caixão. Em Paços de Ferreira - contra o Rio Ave - mostrou crença e ambição de mais do que o último lugar resignado do campeonato. Uma vitória (0-2) merecida diante de um adversário seguro na tabela deixam os axadrezados sonhar e mostrar que é possível a temporada acabar sem xeque-mate para o Boavista.
Na estreia de Jorge Couto, que reencontrou o antigo colega de equipa Petit, o Boavista colocou-se a vencer por Panzo - que rubricou um auto-golo - e ampliou a vantagem por Vukotic, uma das figuras da partida. Perante um Rio Ave apático, os boavisteiros começaram bafejados pela sorte e agarraram-se à audácia já em vantagem. De facto, a sorte protegeu os audazes.
Uma luz ao fundo do túnel
Numa segunda feira algo atípica, o Rio Ave recebeu em casa emprestada o Boavista, último classificado da Primeira Liga. Em Paços de Ferreira, casa dos rioavistas até ao final da temporada por conta da intempérie que assolou o Estádio dos Arcos, ambas as equipas tentavam pontapear as crises recentes.
O Rio Ave vinha de quatro derrotas seguidas, o Boavista com onze derrotas nos últimos doze jogos: números pouco animadores para as duas equipas mas piores para os axadrezados por conta da classificação difícil e do momento delicado. Lito Vidigal deixou o comando do Boavista na véspera do jogo, deixando a equipa aos comandos de Jorge Couto, antiga glória das panteras.

Quando a bola começou a rolar começaram-se a perceber nuances diferentes no jogo dos forasteiros. Jorge Couto voltou aos três centrais - num 5-3-2 - e equilibrou melhor a equipa às características dos jogadores e a equipa começou a dar uma melhor resposta do que o passado recente.
A partida foi-se desenrolando sem grandes oportunidades e, perante alguma inoperância dos vilacondenses, o Boavista aproveitou para surpreender. Aos 17 minutos, Salvador Agra cobrou um pontapé de canto, Diaby desviou ao primeiro poste e Panzo, com alguma infelicidade, colocou a bola na sua baliza, deixando os portuenses na frente do marcador.
Daí em diante, os de caravela ao peito assumiram as rédeas do jogo, mas sempre pouco esclarecidos. As únicas aproximações surgiram na sequência de cruzamentos e bolas paradas, sem grande critério. De facto, a grande oportunidade pertenceu ao Boavista, mas Joel Silva esbarrou o remate em Miszta.
Vantagem boavisteira ao intervalo que premeia a eficácia.

Com tal audácia nem foi preciso sorte
À entrada para o segundo tempo, Jorge Couto lançou Reisinho para o lugar de Joel Silva, visivelmente desgastado no primeiro tempo. O Rio Ave, sem alterações, ameaçou logo a começar o segundo tempo pela cabeça de Andreas, mas esse sinal de perigo foi sol de pouca dura.
Mais confiante com o resultado favorável, o Boavista começou a ter bola e a controlar mais o jogo e as iniciativas do Rio Ave. Reisinho, com um míssil de pé esquerdo, colocou em sentido Miszta. Embalados pelos adeptos boavisteiros - em maioria no estádio e bastante ruidosos -, os axadrezados iam segurando três pontos cruciais para o sonho que - à entrada - para esta jornada parecia já utópico: a manutenção.
Confiantes e destemidos, os homens do Bessa aproveitaram a incapacidade clara dos rioavistas e lá picaram o ponto novamente, para a loucura de todos os adeptos visitantes no estádio. Reisinho descobriu Bozenik na área, este permitiu uma defesa ao guardião polaco e, na emenda, Vukotic permitiu sonhar.
Depois do segundo golo, o Rio Ave pareceu realmente resignar-se ao resultado. Do outro lado, um desperto Boavista foi travando toda e qualquer iniciativa contrária. Por fim, um merecido destaque para Diaby: o ex-Sporting mostrou o porquê do Boavista ter apostado nele. Com a velocidade que o caracteriza fez uma exibição muito completa e complementou-se muito bem com Bozenik no ataque axadrezado.