Parte da carne mais apetitosa do SC Braga estava sentadinha no banco e o assador fervilhava na mente de Carlos Carvalhal: que fazer com aquele 0-0 e com um Estrela da Amadora que, sem autocarro na frente de Bruno Brigído, ia controlando as iniciativas dos guerreiros, sobretudo de Ricardo Horta e do endiabrado Bruma.
Até ao final da primeira parte, tudo fora muito cinzentinho, sem emoção, sem clarividência de parte a parte e sem qualquer oportunidade de verdadeiro perigo. Até que, ao intervalo (João Moutinho e Gabri Martínez) e ao longo da segunda parte (El Ouazzani, André Horta e Adrián Marin), o treinador do SC Braga decidiu mexer com o jogo e com a equipa. A equipa minhota cresceu no jogo e passou a ter, por fim, algumas oportunidades para cortar com aquele entediante 0-0. Ricardo Horta e Gabri Martínez, logo a abrir a segunda parte, mostraram que queriam encostar o Estrela da Amadora mais para junto da sua baliza e, sobretudo isso, queriam ganhar para se isolarem no 4.º lugar, após a talvez inesperada derrota do Santa Clara, em casa, frente ao Estoril.
Além disso, o SC Braga podia encarar a segunda parte com a noção de que era (e continua a ser) a equipa com menos pontos perdidos fora de casa: apenas 5. O Sporting perdeu 7, o Benfica 10 e o FC Porto 11, até à jornada 17.
E foi mesmo à custa de muito melhor segunda parte (Moutinho com a batuta) que os bracarenses chegaram ao golo e ao triunfo desejado. Porém, nada foi fácil. Pertinho do fim, por volta dos 80', um desvio de Miguel Lopes embateu na barra da baliza do Estrela e a quebra do 0-0 esteve por um fio. Percebia-se que poderia estar para breve o primeiro golo no histórico José Gomes, talvez não se pensasse que seriam os estrelistas a ter nos pés, aos 81, dupla oportunidade para desfazerem o 0-0. Num rápido contra-ataque, aproveitando um erro de Niakaté, Diogo Travassos obrigou Matheus Magalhães a grande defesa, sem que, na sequência, a baliza bracarense fosse de novo posta em verdadeiro perigo.
Era um final emocionante e começava a dar a sensação de que o resultado poderia cair para qualquer um dos dois lados. E em cima dos 90 minutos, o jovem Tiago Gabriel evitou, por duas vezes e ambas em cima da linha de golo, que o SC Braga chegasse ao golo e aos três pontos.
Pouco depois, num pontapé de canto muito bem executado por André Horta no lado esquerdo do ataque, El Ouazzani subiu bem alto e, de cabeça, desfez, por fim, o 0-0. Sorriu Carlos Carvalhal, sorriram os bracarenses. Ainda faltavam, porém, mais dois minutos para se jogar. E aos 90+7, após livre lateral sobre a esquerda, Miguel Lopes bateu todos os adversários e, com a pontinha da bota direita, fez a igualdade. Minutos de espera e voltou tudo à primeira forma, porque o defesa estava em posição de fora de jogo. Insólita parte final, com emoção a rodos e vitória justa para o SC Braga.