Colónia, Belgrado, Kaunas e Berlim. Foram estes os últimos locais a receberem a Final Four da EuroLiga. Até aqui, o momento decisivo da maior competição de basquetebol a seguir à NBA foi sempre acolhido por cidades europeias. Se, no futuro, o mesmo voltar a acontecer e os derradeiros jogos se realizarem no continente de onde provêm todas as equipas da prova, será uma mera coincidência.
A generalidade dos órgãos de comunicação especializados na modalidade anunciou que a próxima Final Four, em maio de 2025, vai realizar-se em Abu Dhabi. O programa inclui meias-finais, jogo de atribuição do terceiro lugar e final. O site Eurohoops especifica que a capital dos Emirados Árabes Unidos pagará €50 milhões para o evento se deslocar para o Médio Oriente no próximo ano, ficando também acordado que Abu Dhabi terá direito a organizar a Final Four noutras duas ocasiões em data a definir.
A mudança passou pelo plebiscito dos 13 clubes que detêm a EuroLiga. O Olympiacos e o Real Madrid foram os únicos que não votaram a favor, ao contrário de Barcelona, Baskonia, Anadolu Efes, Olimpia Milano, Bayern Munique, Fenerbahçe, ASVEL, Maccabi Tel Aviv, Panathinaikos, Zalgiris e CSKA.
O acordo entre a EuroLiga e Abu Dhabi foi intermediado pela IMG, uma empresa sediada nos Estados Unidos de produção e distribuição de conteúdos desportivos. Desde que, em 2016, a IMG se uniu à EuroLiga, a competição subiu o valor das receitas de €35 milhões para os €95 milhões por época, de acordo com o SportBusiness.
A EuroLiga tem sofrido uma reformulação do modelo financeiro nos últimos anos e prevê-se que esteja em busca de um investidor minoritário para ficar com 30% a 40% da organização. O “Financial Times” escreve que a empresa britânica BC Partners está em vias de se tornar coproprietária, ultrapassando outros pretendentes, tais como o fundo de investimento público da Arábia Saudita.
Esta não é a primeira vez que os Emirados Árabes Unidos desviam o basquetebol de alto nível para território asiático. A pré-época da NBA também passou por Abu Dhabi com a Etihad Arena, habilitada a receber 18.000 pessoas, a ser palco de seis jogos a feijões. Ainda assim, a liga norte-americana nunca emprestou nenhum jogo da fase regular ao Médio Oriente. Pelo contrário, a Cidade do México e Paris têm recebido partidas oficiais. Inclusivamente, no próximo mês de janeiro, Victor Wembanyama e os San Antonio Spurs vão defrontar duas vezes os Indiana Pacers na capital francesa.
Além disso, há o Dubai Basketball, clube fundado este ano com o propósito de participar na Liga ABA, um campeonato que reunia apenas equipas oriundas de países da antiga Jugoslávia. Após tentativas falhadas para integrar diretamente a EuroLiga, a equipa juntou-se ao campeonato onde atuam emblemas sérvios como o Partizan e o Estrela Vermelha e cujo vencedor tem acesso à EuroLiga via wild card. Cada época custa €2,5 milhões ao Dubai Basketball, cujos jogadores de maior renome são Davis Bertans, atirador letão de 32 anos que esteve oito anos na NBA, e o esloveno Klemen Prepelic, campeão europeu de seleções, em 2017, ao lado de Luka Doncic.
A EuroLiga é uma competição privada à qual os participantes têm acesso através de licenças de longa duração ou através de convites. Trata-se do torneio mais importante de clubes a nível europeu. Em segundo lugar na hierarquia, está a EuroCup, uma espécie de escalão secundário, que serve de antecâmara à EuroLiga e segue a mesma lógica elitista. Segue-se a Liga dos Campeões da FIBA, de acesso universal, na qual o vencedor do campeonato português tem vaga. Por fim, há ainda a FIBA EuroCup.
O comissário da NBA, Adam Silver, já admitiu a possibilidade da liga norte-americana criar uma competição na Europa. O formato e o impacto que pode ter no paradigma atual está nas mãos do desconhecido.