Liga dos Campeões. A prova em que todos os intervenientes ligados ao futebol sonham participar. No entanto, só os treinadores e jogadores de topo têm a oportunidade de atuar na principal montra do desporto rei - pelo menos, no que toca ao contexto clubístico.
Múltiplos protagonistas lusitanos podem dizer que são integrantes deste honroso lote. Cristiano Ronaldo, por exemplo, é considerado por muitos o atleta mais marcante da história do torneio, tendo sido um elemento fulcral na conquista de cinco orelhudas - uma pelo Manchester United e quatro pelo Real Madrid. Mas e no que toca aos homens do leme?
Nesta quarta-feira, diante do RB Leipzig, Rui Borges irá tornar-se o 33º técnico português a sentar-se no banco de suplentes numa partida de Champions. Porém, no que toca às estreias dos seus antecessores, o saldo não é positivo...
O primeiro passo dos técnicos lusos na grande montra
Desde o aparecimento da nomenclatura 'Liga dos Campeões' (ex-Taça dos Campeões Europeus), em 1992, com um formato que incluía uma fase de grupos, Artur Jorge foi o primeiro comandante da Terra de Camões a ter uma chance, pelas portas do Benfica.
A aparição inaugural correu como desejado: as águias bateram o Steaua Bucareste, em casa, com finalizações certeiras de Claudio Caniggia e João Vieira Pinto.
Fruto da ausência prolongada de Bobby Robson, Augusto Inácio acabou por assumir a função no FC Porto, mas não foi além de um empate na estreia na prova milionária, diante do Nantes.
Seguiram-se triunfos prometedores de António Oliveira e Octávio Machado na Europa, contra o poderoso Milan e sobre o Monaco, respetivamente. O saldo era bastante abonatório, no entanto, Francisco Vital acabou por trazer consigo ventos contrários: depois da derrota categórica dos leões frente ao Bayer Leverkusen, Fernando Santos, Jaime Pacheco e nem mesmo um tal de José Mourinho conseguiram arrancar a trajetória no torneio com o pé direito. Para o Special One, este pequeníssimo desgosto frente ao Real Madrid não impediu um futuro glorioso...
Falando dos merengues, Carlos Queiroz voltou a colocar os compatriotas na rota dourada, através da vitória dos blancos frente ao Marseille. No leque dos triunfos, Paulo Bento, Jorge Jesus, Vítor Pereira, André Villas-Boas, Paulo Fonseca e Rui Vitória deram continuidade à façanha do mister de 71 anos.
Já Domingos Paciência, Leonardo Jardim, José Peseiro, Paulo Sérgio e Paulo Sousa seguiram o caminho inverso, obtendo desaires iniciais na prestigiante competição. Nota, ainda, para Marco Silva, que conduziu o emblema de Alvalade ao (escasso) ponto em Maribor.
Todavia, estes ténicos não seriam os últimos a colocar o pé na poça...
Rui Vitória numa década de... desaires
No dia 15 de setembro de 2015, o Benfica recebeu o Astana, num duelo a contar para a primeira jornada da Liga dos Campeões. Em Lisboa, Nico Gaitán, com uma finalização sublime, abriu a contagem, já Mitroglou correspondeu ao passe exímio de Eliseu para o 2-0 final. Desta forma, Rui Vitória sorriu ao fim dos primeiros 90 minutos no torneio.
Posteriormente, muitos tentaram repetir o feito. Fora de portas, Nuno Espírito Santo pelo Valência, Pedro Martins no Olympiacos e Luís Castro ao serviço do Shakhtar Donetsk. Em território luso, Sérgio Conceição, Bruno Lage, Rúben Amorim, Nélson Veríssimo, Artur Jorge e, mais recentemente, João Pereira.
No entanto, nenhum dos treinadores mencionados conseguiu vencer na estreia na competição. Algo digno de registo - e não pelos motivos mais agradáveis.
Num cômputo geral, contabilizam-se somente dez triunfos neste caso de estudo, em 32 tentativas. Após dez anos sem qualquer triunfo de treinadores lusos, Rui Borges será o novo homem posto à prova, sob o ambiente eletrizante da Red Bull Arena.