Terminou a longa espera ansiosa dos fãs de ciclocrosse. Mathieu van der Poel e Wout van Aert, os dois melhores corredores de ciclocrosse do mundo defrontam-se, ao início da tarde desta sexta-feira, pela primeira vez esta temporada, na quinta prova do troféu Exact Cross, em Loenhout, na Bélgica.

Os dois arquirrivais, que somam nove títulos mundiais desta disciplina de inverno do ciclismo de todo-o-terreno, seis conquistados pelo neerlandês e três pelo belga, já deveriam ter-se encontrado no último dia 23, em ronda do troféu Superprestige em Mol, ainda na Bégica, mas Van Aert adoeceu e Van der Poel somou a segunda vitória de três consecutivas esta época. Uma hegemonia do corredor da Alpecin-Deceuninck prevista e que repete a do ano transato, em que dominou sobre o seu eterno adversário, e ainda sobre Tom Pidcock, o britânico que completa o trio dos denominados Big Tree do ciclocrosse, que esta temporada se decidiu pela ausência na disciplina em privilégio absoluto da preparação da época de estrada.

Mathieu van der Poel e Wout van Aert enfrentam-se um dia depois de o hexacampeão mundial ter conquistado a terceira vitória em igual número de provas em que participou esta temporada, em Gavere (Bélgica), na 6.ª prova da Taça do Mundo. O neerlandês, de 29 anos, ganhou na estreia em Zonhoven, no dia 22 de dezembro e no dia seguinte no referido Superprestige de Mol exercendo em todas as corridas uma hegemonia esmagadora sobre os especialistas de ciclocrosse, os corredores que se dedicam exclusivamente ou quase à disciplina, que acumulam muitas mais competições do que MVDP e WVA, mas não lhes conseguem rivalizar.

Van der Poel é favorito para o primeiro de agora apenas três duelos com Van Aert - além deste, na Taça do Mundo em Dendermonde (Bélgica), em 5 de janeiro, na Taça do Mundo em Maasmechelen (Bélgica), no seguinte dia 25. Não só pelo maior ritmo competitivo adquirido nas três provas que já disputou, a recente enfermidade do belga e ainda o domínio a que submeteu, na pretérita temporada, o adversário direto desde os escalões jovens - ainda que Van Aert não se tenha empenhado a fundo nos crosses para entrar mais fresco na temporada de estrada - mas porque este fará o regresso absoluto à competição após uma longa recuperação de lesão contraída em queda durante a Volta a Espanha, em início de setembro.  

Van Aert reconheceu-o pouco antes da estreia adiada, na antevéspera de Natal. «Tive de me concentrar na reabilitação da minha lesão durante muito tempo, quando deveria estar a preparar a época de ciclocrosse. Por isso, tive muito menos tempo para treinar aspetos específicos da disciplina, que são fundamentais para se competir com adversários como Mathieu [van der Poel]. Portanto, é com um ponto de interrogação, quanto ao meu nível de competitividade, que regresso. Mas não há dúvida de que estou ansioso», declarou o tricampeão mundial.

Certamente mais confiante estará Van der Poel, ainda que ontem, no circuito muito enlameado de Gavere, para a Taça do Mundo, tenha tido a vitória menos fácil da temporada: concluiu a corrida com 26 segundos de vantagem sobre o segundo classificado, quando nas duas provas anteriores aquela tinha superado um minuto.

«O terreno estava muito pesado, cometi bastantes erros e expus-me a uma maior pressão», começou por dizer sobre a prova na Bélgica. Antes de ser questionado sobre o iminente embate com Wout van Aert. «É habitual correr contra ele, por isso estou ansioso. Veremos amanhã [sexta-feira]», declarou Van der Poel, que participará em onze provas que culminarão no objetivo primordial do neerlandês, o Campeonato do Mundo em Liévin, França, em que ambicionará a conquista da sétima camisola arco-íris, igualando o recorde do belga Erik De Vlaeminck.