Esta sexta-feira, os associados do Vitória de Setúbal irão discutir em Assembleia-Geral, no Pavilhão Antoine Velge, anexo ao Estádio do Bonfim, uma proposta de alienação de património que promete gerar longo debate.

A mesma prevê uma venda que inclui os terrenos dos topos do Estádio do Bonfim, estimados em 35 mil metros quadrados, a troco de 25 milhões de euros que seriam utilizados para cumprir o Plano de Recuperação (PIRE) que abrange o Vitória, que por não ter cumprido os pressupostos para se inscrever nas provas organizadas pela Federação Portuguesa de Futebol esta temporada se viu obrigado a competir na 2.ª Divisão distrital da AF Setúbal.

Entre os vitorianos que votarão contra esta possível solução inclui-se Fernando Belo, que integrava a administração sadina em momentos como a conquista da Taça de Portugal, em 04/05, e a Taça da Liga, em 07/08. Atualmente parte do Movimento Pró-Vitória, criado em agosto, na sequência de uma Assembleia Geral do clube sadino, o antigo dirigente realçou a importância da discussão da proposta a apresentar na AG do emblema setubalense.

Fernando Belo considera precipitada a aceitação desta proposta. «É pior a solução, porque já nem inclui reconstrução do estádio, vende tudo, não há rendimento para o futuro. A questão que aqui está é mesmo a de falta de capacidade para gerar soluções», critica o associado vitoriano, convicto de que aparecerão ofertas mais lucrativas pelo Bonfim. «Sabemos que há interessados», assegurou.

«Não há propostas formais e não há informação disponibilizada pela atual direção, mas há interessados, posso afirmar que há. Portanto, a ideia é criar sustentabilidade, até para algo muito sério. É preciso garantir uma almofada para uma eventualidade futura e vamos tê-la quase de certeza, porque clubes como o Olhanense ou a Académica já estão a vivê-lo: a SAD do Vitória ficou insolvente, mas o clube tinha 9 ou 10%», recordou o adepto vitoriano.

Fernando Belo aponta à iminência de eleições no emblema sadino «por falta de quórum», pelo que a moção de desconfiança ao presidente da Mesa da Assembleia-Geral, David Mestre Leonardo, que chegou a ser anunciada, já não se efetuará. «Não há retaliação pessoal, eu separo completamente o desempenho e os resultados em relação às pessoas. Mas há que criticar um resultado que foi desastroso», vincou.

«Trazerem o investidor Hugo Pinto, que trouxe o Vitória para as distritais, o outro investidor que trouxeram em junho, que foi um flop, e agora este que trazem [ndr: proposta de alienação]» constituem, em seu entender, «erros» que conduziram o Vit. Setúbal a um ponto sem retorno em que o seu futuro deve ser resolvido com eleições. Nesse sentido, o associado vitoriano considera fundamental o aparecimento de outras listas concorrentes.

«Ninguém deve impor-se ou propor-se como candidato a presidente à força, para que não se repitam os erros como com o atual presidente, que entrou porque tinha um investidor. Acho que esse não é o caminho», argumentou, por fim, esperando meses de discussão saudável em prol da recuperação do histórico clube do Sado e a saída da direção atualmente presidida por Carlos Silva.