O treinador Artur Jorge reconheceu esta quinta-feira que ambiciona orientar FC Porto, Benfica ou Sporting, crónicos candidatos à vitória na Liga Betclic, mas vincou não ter intenção de regressar de imediato a solo luso.
Homenageado pela Câmara Municipal de Braga e pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) com o troféu Quinas de Ouro, o técnico de 52 anos assumiu o objetivo de treinar 'dragões', 'águias' ou 'leões', na conclusão de um "ano extraordinário", em que se sagrou campeão brasileiro e vencedor da Taça Libertadores pelo Botafogo.
"Passa a ser um objetivo ter a possibilidade de voltar a Portugal para, um dia, treinar FC Porto, Benfica ou Sporting", disse, à margem da cerimónia decorrida no edifício dos Paços do Concelho, na cidade minhota onde nasceu e 'cresceu' para o futebol.
Artur Jorge lembrou ter contrato com o emblema do Rio de Janeiro até dezembro de 2025, mas que é "muito prematuro falar sobre o seu futuro", tendo deixado somente o apontamento de que vai "procurar estar inserido em projetos vencedores", fora de Portugal.
"O 'mercado' ditará se continuo ou não para começarmos uma nova temporada. Regressar a Portugal não é a minha intenção neste momento. Fui muito feliz onde estive. Há, de facto, outras possibilidades que podem fazer algum sentido", acrescentou.
Questionado acerca do campeonato português e da recente mudança técnica no Sporting, que oficializou hoje Rui Borges como sucessor de João Pereira, o treinador realçou que a competição está "muito igual ao que têm sido os anos anteriores", com "três equipas claramente mais fortes", a "disputar o título", e várias mudanças nos bancos.
"As mudanças fazem parte dos ciclos de vida dos treinadores e dos próprios clubes. Isso também acontece no Brasil. Em 2024, o campeonato começou com seis treinadores portugueses e terminou com dois", disse, em referência a Abel Ferreira, treinador que concluiu a quinta época no Palmeiras, no segundo lugar, após sagrar-se bicampeão brasileiro.
Os êxitos no Botafogo valeram a Artur Jorge a nomeação para finalista do prémio de melhor treinador da América em 2024, atribuído pelo jornal uruguaio El País, a par de Lionel Scaloni, selecionador da Argentina, de Gustavo Alfaro, selecionador do Paraguai, de Diego Aguirre, técnico do Peñarol, e de Gustavo Costas, 'timoneiro' do Racing.
O treinador português lembrou ter vencido o prémio de melhor treinador do Brasileirão de 2024, que "passou despercebido" por ter sido "entregue no meio da festa do campeonato", e mostrou-se grato pelas homenagens da autarquia bracarense e da FPF, depois de ter sido condecorado com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique, em 17 de dezembro.
"A palavra que marca este momento é a gratidão, pelo reconhecimento do momento que estou a viver, de grande felicidade, de grande consolidação profissional. Este ano fica marcado pela conquista de três títulos, que começou bem cedo, com a Taça da Liga em janeiro, no meu clube, o Sporting de Braga, antes desta aventura no Brasil", referiu, durante a cerimónia.
O presidente da FPF, Fernando Gomes, realçou que o técnico fez "um percurso deveras assinalável e extraordinário" no Botafogo e comprovou a valia da aposta federativa nas equipas B e sub-23, quer para o lançamento de jogadores, quer para o de treinadores, já que Artur Jorge pelas equipas sub-23 (2020/21) e B (2012/13 e 2021/22) do Sporting de Braga.
Já o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, frisou que o conterrâneo "atingiu um patamar muito raro" em 2024, num "percurso ainda precoce" que orgulha a cidade minhota, enquanto o secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, enalteceu a aposta de Artur Jorge no conhecimento e na formação nos 15 anos como treinador, depois de uma carreira de jogador dedicada ao emblema 'arsenalista'.