Há um conjunto de regras transversais a qualquer local de trabalho: ser responsável, aplicado e assíduo. Mergulhando na especificidade, o código de conduta dos LA Lakers também sugere que não é conveniente tratar um colega por “pai”. Ora, Lebron James vai fazer 22 anos (de NBA) e já informou Bronny James, com 19 anos (de vida), que no centro de treinos não há referências ao parentesco. Não faltam opções ao novato. O epíteto preferido do mais velho, como fez saber, é GOAT, uma referência ao estatuto de melhor de sempre. Talvez possa começar por aí.

A NBA está a menos de um mês de ter início, o que significa que Lebron e Bronny estão mais próximos de se tornarem na primeira dupla pai/filho a jogar na mesma equipa. No dia em que os LA Lakers abriram a porta à imprensa, toda a gente tentou caçar sensações sobre a dinâmica entre ambos. A curiosidade resultou em dois indivíduos com o mesmo apelido na camisola amarela a debaterem um lance que disputaram no treino.

Nunca antes de Bronny James a escolha 55 do Draft tinha causado tamanho tremor assim que calcou a pontinha do hall de entrada da NBA. Era sabido que Lebron desejava jogar com o filho mais velho, mas não era óbvio que o conseguisse fazer. Estava tudo dependente da resistência das costuras do seu corpo e da capacidade de recrutamento dos LA Lakers.

Mal teve oportunidade, Bronny James colocou o nome (e que nome) no Draft. O percurso no basquetebol universitário foi modesto e teve um solavanco preocupante. Durante um treino na Universidade de Southern California, o jovem sofreu uma paragem cardíaca. Menos de um ano depois, entrou na NBA com críticas ao nepotismo inerente ao processo.

O entorno de Bronny James, em especial o agente, Rich Paul, foi sacudindo as acusações de que o apelido serviu de bilhete para entrar na NBA. O rookie fez as primeiras aparições com a camisola dos LA Lakers na Summer League, uma competição que serve para as equipas da NBA desenvolverem os jogadores menos experientes. Num dos jogos, defrontou Neemias Queta. Na bancada estava Jaylen Brown, campeão pelos Boston Celtics, a assistir ao jogo. Num vídeo em que é apanhado desprevenido, o MVP das finais parece dizer o seguinte: “Acho que o Bronny não é um jogador profissional. Vai ficar nos LA Lakers por causa do nome.”

Candice Ward

“Acho que as pessoas não o compreendem”, arguiu Lebron James à ESPN. O melhor marcador de sempre da NBA assume que o filho “não quer saber” das críticas. “Ele não ouve essas coisas, é muito frio. É completamente o oposto do pai.”

Bronny promete “continuar a trabalhar e aprender o máximo que conseguir” com os jogadores mais experientes, onde se inclui também o seu pai. “Acho que tenho feito um bom trabalho ao trilhar o meu próprio caminho desde que levo o basquetebol a sério”, referiu no media day dos LA Lakers.

Na noite do Draft, tudo foi feito para juntar Bronny e Lebron. A ESPN revelou que Rich Paul contactou as equipas com prioridade em relação aos LA Lakers para dizer que, caso escolhessem Bronny, o jogador não assinaria contrato e, em vez disso, iria jogar para a Austrália. Antes do arranque da temporada, e já depois do Draft, Lebron James renovou contrato com os LA Lakers. O vínculo, quem sabe o último da carreira, dura dois anos (o segundo é opção do jogador) e vale 104 milhões de dólares ao veterano de 39 anos.

Na última época, os LA Lakers conseguiram um registo de 47 vitórias e 35 derrotas na fase regular e acabaram eliminados na primeira ronda dos play-offs da NBA, contra os Denver Nuggets. O desfecho da temporada levou ao despedimento de Darvin Ham e à contratação de JJ Redick que, após terminar a carreira de jogador e a de podcaster, se estreia como treinador.

Kevork Djansezian

JJ Redick descreve Bronny como um “miúdo fantástico”, “extremamente treinável”. “Ele é jovem, ambicioso e tem capacidades que podemos moldar para que se torne num jogador muito bom”, aprofundou. Quanto à ideia de orientar pai e filho, a situação parece estar sob controlo: “Não vejo isso como um desafio.”

Poderá Bronny James ajudar numa campanha mais vigorosa dos LA Lakers? Vamos aos números. Em 25 jogos na Universidade de Southern California, foi titular em apenas seis e selou médias de 4,8 pontos, 2,8 ressaltos e 2,1 assistências por jogo. Na Summer League, em quatro partidas, conseguiu 8,8 pontos, 3,5 ressaltos e uma assistência. Não são estatísticas que augurem, no imediato, um impacto estrondoso na melhor liga de basquetebol do mundo pelo que não é descabido que possa visitar a G-League para cimentar o seu reportório basquetebolístico num campeonato criado para esse efeito.

Savannah James é que ganhou uma nova forma de entretimento. Nem todas as mães podem ter o ícone do filho na consola e utilizá-lo para jogar como mostrou um vídeo gravado pelo marido Lebron.