
O futebol francês ficou em choque na tarde de ontem com a atitude intempestiva de Paulo Fonseca na reta final do Lyon-Brest (2-1). O técnico português revoltou-se após Benoit Millot ser chamado ao VAR para verificar um pontecial penálti contra a sua equipa e confrontou o árbitro cara a cara, já depois de ver o cartão vermelho. O episódio correu mundo e certamente implicará uma pesada punição - em França fala-se de uma possível suspensão de 7 meses - a Paulo Fonseca, que rapidamente veio a terreiro pedir desculpa pela atitude. Apesar do arrependimento do técnico, o juiz francês afirmou que este tipo de comportamentos não podem ser "tolerados".
"Parece ter havido um ligeiro toque no nariz, para ser mais exato... uma atitude particularmente intimidante e agressiva, difícil de imaginar num treinador profissional. Tentei fazer-lhe frente, lidar com isso mantendo a minha posição (...) Mas não foi fácil, porque a sua atitude era mais do que vingativa. E, infelizmente, há o risco de que isso se repita em campo no fim de semana seguinte. Se um grande treinador se comporta assim, as pessoas no futebol amador dizem para si próprias: 'Eu também posso fazer isso'. Na semana passada tratava-se de um ataque moral quando se dizia que os árbitros podiam ser corruptos [em causa as acusações feitas pelo presidente do Marselha, Pablo Longoria]. Agora é a intimidação física (...) Quando voltar a ver as imagens, talvez fique impressionado. Talvez ache que é um ato de violência. Em todo o caso, não podemos tolerar este tipo de comportamento", referiu Benoit Millot, em declarações ao L'Équipe, explicando mais pormenorizadamente o que sentiu naqueles largos segundos.
"Ele atacou-me com uma atitude intimidatória e decidi expulsá-lo de imediato. (...) Ele tem esta atitude ainda mais impressionante de tentar dar um murro, uma cabeçada. Mantenho-me estoico, em parte por causa do efeito de surpresa, mas sobretudo porque não quero recuar perante esta intimidação. Os jogadores vêm empurrá-lo, os seguranças também, parece-me, e talvez membros da equipa técnica. Depois recuou, mas voltou uma segunda vez."
Benoit Millot espera ainda que o comité disciplinar da Liga Francesa tenha mão pesada neste caso, até para servir de exemplo. "O que vimos não é bom para o futebol. E há o risco de se estender ao mundo amador. A nível profissional, as margens do relvado são seguras. Mas no mundo amador, estamos ao alcance de uma bofetada, de um murro ou de um pontapé. Resta agora saber o que é que a Liga vai fazer nos próximos dias."