Como já vem sendo hábito, a Sport TV, através do programa, Juízo Final, revelou os áudios referentes ao VAR das últimas jornadas da Liga Portugal Betclic.
Entre os vários lances analisados, o maior destaque vai para os momentos das avaliações às jogadas dos duelos entre o Sporting e o Santa Clara, do triunfo do Benfica sobre o Estoril e ainda do empate entre o Famalicão e o FC Porto.
Lance de potencial penálti sobre Maxi Araújo revertido no Sporting - Santa Clara
VAR: Daqui VAR. Cláudio, peço que venhas à zona de revisão para cancelar o penálti, o guarda-redes joga a bola.
Árbitro [Cláudio Pereira]: Joga claramente a bola...
VAR: Vamos preparar a comunicação.
Cláudio Pereira: Sim, após revisão o guarda-redes não comete infração.
Opinião de João Ferreira: «Naturalmente, o árbitro não ficou muito feliz por ter errado. Estamos a falar de um jogo intenso. O árbitro não seguiu o sinal que costumamos seguir, de que a bola muda claramente de direção, sinal que o guarda-redes jogou a bola, mas isso nem sempre significa que não haja infração. O que se passou foi um choque natural. Não há nenhum facto que prove infração.
Há, na verdade, um contacto nas pernas do atacante, mas se ele [Cláudio Pereira] se focasse só na bola, percebia que o guarda-redes joga só a bola. Pode ser uma questão de foco no momento em que há a disputa. Faz parte da tomada de decisão. O Cláudio estava bem colocado, a sua linguagem corporal é muito assertiva e estava muito convicto na tomada de decisão. Mas também percebeu que se equivocou.»
Lance de potencial penálti a favor do Estoril no duelo contra o Benfica
VAR: Aconselho-te a vires à zona de revisão para cancelar o penálti. A ausência de toque, na passada, o avançado é que vai tocar ligeiramente no gémeo do defesa. Agora vou mostrar-te o que estava a dizer. É o único toque que há, o do avançado.
Árbitro [António Nobre]: Ele abre a perna... Então vamos cancelar o penálti.
Opinião de João Ferreira: «Aqui, a bola não muda de trajetória. Na análise de infrações, temos de interpretar a ação do defensor. E se olharmos para ele [Tomás Araújo], está a correr de forma totalmente natural e o atacante acaba por tropeçar na perna do defensor. Apesar de ser um lance muito difícil, aqui o VAR teve a capacidade de detetar o porquê de o atacante cair. Não há aqui nada que se materializasse na infração do defensor. Mudou a decisão e bem.»
Anulação do golo de Samu e posterior penálti a favor do Famalicão
VAR: Luís! Sugiro que venhas à zona de revisão para um penálti na área do FC Porto. Ok, o braço está fora do corpo, em volumetria.
Árbitro [Luís Godinho]: Qual é a mão que bate?
VAR: Mão esquerda... Tens outra imagem?
Árbitro [Luís Godinho]: Esta é perfeita. Diz-me o jogador. Pepê? Número 11? Ok. [Já na comunicação] Após revisão, o jogador número 11 joga a bola com a mão de forma não natural. Decisão final: cancelar o golo e começar com penálti.
Opinião de João Ferreira: «Este é capaz de ser dos lances mais difíceis que tivemos enquanto já houve VAR na 1.ª Liga. É o único que há um incidente numa área e, logo a seguir, há golo noutra. Já aconteceu em termos internacionais. Não é muito comum porque garantir esta velocidade em 100 metros, só com uma equipa com grande competência como foi o FC Porto, esta transição resultar em golo.
O VAR tem de voltar atrás e foi o que se passou. É um lance que fará história no nosso futebol. Um golo anulado e um penálti na outra área. Falando dos factos: as imagens não são felizes por vários motivos. Neste caso, o Pepê não quer jogar a bola com o braço, está a saltar. Depois, os fundos são todos escuros, quase que cobrem a camisola do jogador. Não se percebe onde está o braço. Mas há um pormenor que pode fazer a diferença: há um pulso branco que faz perceber que o braço está afastado do corpo.
E, nesse sentido, levou o Tiago a chamar o Luís Godinho para lhe mostrar que o braço está afastado do corpo. Analisando estes factos, e não só nestas imagens, com maior detalhe, chegámos à conclusão que o VAR teve razão. O braço está afastado e interceta a bola. Mas volto a insistir: as imagens que vemos na televisão não são muito favoráveis. A decisão final foi a que veio trazer a verdade desportiva.»