
Carlos Pereira, irmão de Aurélio, garante que o Senhor Formação morreu "feliz" por ter feito o que mais gostava: ajudar a transformar jovens em jogadores e homens. No velório realizado no Lumiar, o antigo técnico recordou alguns episódios que viveu com o irmão que estava sempre à procura de jovens talentos.
"Ele fez um trabalho de paixão! Nunca foi público mas teve alguns convites dos mais diretos rivais. Ele nunca quis aceitar mesmo com condições financeiras mais vantajosas. Foi um amor eterno ao Sporting onde entrou com 14 anos e eu com 13. Posteriormente eu prossegui uma carreira mais longa a nível dos escalões todos e fui campeão nacional...foi uma paixão que partilhámos", recordou Carlos Pereira lembrando alguns episódios que passaram juntos: "Ele sempre estava à procura de talentos e, onde houvesse um terreno baldio com miúdos a jogar ele tinha de parar. Depois com a sua perspicácia e olho clínico, encontrava jovens que podiam tornar-se jogadores, e muitos foram encontrados assim... temos o caso do Dani. Ele vivia perto da Quinta das Conchas, no Lumiar, onde há relvados com muitos miúdos a jogar, e uma vez levou três jovens foram inscritos como juvenis numa semana de dérbi, e foram à Luz ganhar 3-0 ao Benfica. Fez aquilo que sempre gostou com grande amor e paixão ao clube e assim morreu feliz. Depois é muito reconhecido a nível nacional , nunca teve quezílias com os dois rivais. Foi um senhor com uma postura que não é muito comum".
Além do sucesso desportivo, Aurélio Pereira também respeitava o lado humano, uma característica que Carlos Pereira não deixou de assinalar. Foi conselheiro, educador e manteve sempre uma conduta desportiva séria e honesta. O reflexo disso são os jogadores que passaram por ele que mostram um trabalho fantástico. Ele conduziu muitos jovens que estavam na iminência de se perderem, e conseguiu levá-los para o bom caminho e para o sucesso, pois a maioria desses jogadores foram internacionais e campeões. Não é por acaso que é reconhecido por muitos jovens alguns até pelo papel de educador, treinador, pai e amigo. Eu acho que deixou um legado fantástico pois sempre foi uma pessoa com valores. Os pais estavam à vontade pois sabiam que tinham um educador com os seus filhos", assegurou.