As equipas de Fórmula 1 e o fornecedor de pneus Pirelli chegaram de sobreaviso ao circuito de Interlagos, palco do Grande Prémio do Brasil, para fim de semana que poderá revelar-se imprevisível para a gestão do desgaste dos pneus.

A pista nos arredores de São Paulo foi totalmente repavimentada e um novo asfalto, como é hábito, causa sempre imprevisibilidade sobre o impacto que poderá ter nos níveis de aderência. Nalgumas pistas em que o novo piso, por inadequado tratamento específico (a mistura de borracha com o alcatrão), provocou acentuadas quebras de aderência e consequentes dores de cabeça aos pilotos e equipas.

No entanto, há outro elemento interessante, que acresce à relevância do novo pavimento, que pode provocar ainda maior impacto no desempenho dos pneus: a insuspeita cor do asfalto. A nova superfície é muito mais escura, o que significa que absorverá muito mais a temperatura do sol do que a anterior superfície, cinzenta e desbotada. As estimativas da Pirelli para a temperatura do asfalto de Interlagos já apontavam para valores inusuais e extremos, mas os primeiros registos, ao início da tarde desta quinta-feira, aproximaram-se de 60ºC. E estando tão quente, o asfalto poderá causar graves complicações às equipas e aos pilotos.

As temperaturas mais elevadas da pista têm um impacto direto nas temperaturas dos pneus e podem contribuir para agravar a degradação térmica da borracha – o que sempre foi fator a ter em conta na pista brasileira devido ao seu traçado. As temperaturas do novo asfalto negro podem assim forçar as equipas a alterarem as suas opções para compostos mais duros, tanto para a corrida sprint, amanhã, como para a corrida principal do Grande Prémio.