Já vão mais de 20 anos desde que Cristiano Ronaldo se estreou por Portugal, mas Costinha lembra-se bem desse momento e recordou que, nessa altura, o jogador de 39 anos tinha planos para se reformar do futebol muito cedo. Algo que, obviamente, acabou por não acontecer, bem pelo contrário…

«Eu recordo-me dele desde muito novo, ele estreou-se contra o Cazaquistão, em 2003. A única coisa que eu estranhei, na época, era que ele dizia que aos 30 anos queria abandonar o futebol, mas percebia-se rapidamente que era impossível isso acontecer, tamanho era o nível de perfeição que ele ia buscar em qualquer situação que lhe aparecesse pela frente», disse, em entrevista exclusiva à ESPN Brasil, este domingo.

«Ele disse: 'Costa, vou jogar até aos 30 e depois vou fazer algo diferente’. Eu pensei que era difícil. ‘É muito difícil que isso vá acontecer contigo, pela tua forma de ser’. E passaram dez anos e ele continua a jogar tanto e bem», acrescentou, antes dar um exemplo da mentalidade do jogador do Al Nassr.

«Ele era um atleta que, antes do treino, eu me lembro de ir várias vezes com ele ao ginásio. Eu não fazia ginásio, ele fazia, porque ele queria testar o seu nível de força. Imaginemos que ele fazia um treino de força com o Fernando Couto, que era um jogador duro, um jogador de defesa que era difícil de se passar. Ele ia testar aquilo que fez lá no ginásio para saber se em termos físicos conseguia aguentar uma carga de ombro, se conseguia jogar no corpo a corpo com o jogador mais forte. Da mesma forma que queria sempre melhorar a sua velocidade para ser o mais rápido de todos. Já naquela época, estamos a falar de um jogador que tinha 18 anos e que tinha uma força de vontade inacreditável. E, portanto, não me surpreende o que ele está a fazer. É um grande jogador e uma excelente pessoa, muito profissional. Tenho de lhe tirar o chapéu, porque efetivamente ele procura sempre estar numa posição de vantagem na sua profissão», disse, enchendo o seu antigo colega de seleção de elogios.

«E isso vai na sua cabeça, a sua determinação, a sua ambição, aquilo que ele sabe que tem que fazer para conseguir ser o melhor e lutar contra isso todos os dias quando tens jogadores como o Messi, como o Neymar, da sua categoria. E ele manter sempre aquele alto nível praticamente durante toda a temporada, é algo que que não me estranha e que eu penso que, ainda hoje, ele vai querer demonstrar o porquê de, ainda aos 40 anos, ser capitão e titular de uma seleção como a portuguesa», finalizou, falando da sua rivalidade com o argentino.

Por fim, questionado sobre se Ronaldo vai conseguir atingir os 1.000 golos na sua carreira, depois de fazer 900 na última quinta-feira, a resposta de Costinha foi, de certa forma, afirmativa: «Acho que depende muita coisa, depende daquilo que vai acontecer no futuro, se vai querer continuar a jogar… depende muito de muitos fatores. Agora que ele, se tiver a oportunidade, vai tentar e conseguir fazê-lo, isso aí não tenho qualquer tipo de dúvidas.»