Os números não eram favoráveis ao Boavista. Perdera os últimos sete jogos da Liga e neles só marcara quatro golos. Além disso, entrava em campo com três homens que não jogavam há quase um ano: o guarda-redes Vaclik, o defesa Lystcov e o extremo Koné. O Benfica, por seu lado, a jogar em casa e após ter eliminado o Mónaco na Champions, estava moralizado. E relativamente fresco, pois Bruno Lage manteve apenas Tomás Araújo, Otamendi, Carreras, Aursnes e Kokçu como titulares.

A esperança axadrezada centrava-se em Lito Vidigal, o homem que pegou no leme após a saída de Cristiano Bacci, especialista em sacar pontos em casa de grandes. Porém, o Benfica desbloqueou relativamente cedo o golo (28) e, quando Reisinho foi expulso no início da segunda parte (51), dificilmente o Boavista entraria na discussão do resultado. Terminou 3-0, como poderia ter terminado com mais dois ou três golos encarnados. Vida difícil para Lito Vidigal e Bruno Lage, pelo menos durante cerca de 24 horas, volta a ver o Benfica no topo dos topos da Liga.

O Benfica teria de apostar na paciência para furar aquilo que se previa fosse um muro construído em redor da baliza adversária. E assim foi. O Boavista entrou em campo com estratégia bem definida: três centrais (Lystsov, Abascal e Fogning), dois alas bem encostados aos centrais (Agra e Joel Silva), quatro médios (Van Ginkel, Seba Pérez, Reisinho e Koné) e um avançado (Bozenik). Compreensivelmente, Lito Vidigal queria fechar o máximo de caminhos para a baliza de Vaclik e depois, se fosse possível, atacar a de Samuel Soares.

O Benfica teve paciência e, de início, poucas possibilidades de furar o muro. Leandro Santos e Carreras, sobre as alas, eram quase extremos puros, alavancando o poder ofensivo encarnado. Kokçu era o médio mais central, com Aursnes sobre a direita e Dahl no lado esquerdo. Na frente, Amdouni, Belotti e Bruma.

Só para lá dos 20 minutos, na sequêcia de paciência levada qo quase extremo, o perigo começou a chegar. Amdouni deu o primeiro sinal de golo e, pouco depois, foi a vez de Bruma aparecer. E apareceu para desequilibrar sobre a esquerda, cruzar na perfeição para o remate não menos perfeito de Belotti. Era o golo de estreia do italiano com a camisola das águias.

A parte final do primeiro tempo foi dramática para o Boavista. Aparentando falta de pernas para evitar as entradas de adversários, sofreu diversos remates muito perigosos, quase todos através de Belotti. A trave (36) e as mãos de Vaclik (38 e 42) evitaram que a diferença aumentasse.

O início da segunda parte consumou a quase certa oitava derrota seguida para o Boavista. Reisinho, na sequência de abertura de Kokçu para Bruma (remate rente ao poste direito), pisou com demasiada força a perna esquerda do turco e viu o cartão vermelho.

Reduzido a dez, a perder e em aparentes dificuldades físicas, como reagiria o Boavista a mais de 40 minutos de poder encarnado? Foi-se aguentando, com Vaclik a manter alto o nível exibicional. Até que, aos 68, Bruno Lage trocou Belotti por Pavlidis e Amdouni por Akturkoglu.

Gente fresca frente a gente cansada. E menos de dois minutos depois, após cruzamento rasteiro de Akturkoglu na direita, Pavlidis encostou para o fundo da baliza axadrezada, num golo muito idêntico ao primeiro, mas com intérpretes diferentes. O nome do vencedor estava, aparentemente, fechado.

Logo de seguida, 3-0, de penálti, após falta de Agra sobre Dahl. E a palavra aparentemente deixou, em definitivo, de fazer sentido. O único ponto de interesse dos últimos 10/15 minutos era saber se o resultado aumentaria. Lage, porém, não estava de acordo e ainda lançou Nuno Félix e Diogo Prioste, terminando o Benfica com cinco jogadores formados no Seixal: Samuel Soares, Tomás Araújo, Leandro Santos e ainda Félix e Prioste.