Está confirmado o regresso a “casa” de Bruno Lage. O novo treinador do Benfica já orientou inclusive o primeiro treino à frente das águias, depois de assumir publicamente o desejo de criar uma equipa destemida e puramente ofensiva, que vai deixar os adeptos encarnados com água na boca. Longe de ser um nome consensual entre a massa associativa do Benfica, Bruno Lage foi a escolha de Rui Costa para suceder a Roger Schmidt, e com ele traz naturalmente um grande conhecimento daquilo que é o ADN vermelho e branco, mas também de todos os processos praticados internamente no clube da Luz.
Ciente desta responsabilidade, o técnico quer dar resposta imediata e chutar para canto uma das maiores crises que o Benfica viveu nos últimos anos, fruto da instabilidade vivida em redor da equipa. Mas depois da saída de Schmidt, o que fica?
Na verdade, a saída do técnico alemão deixa grandes mazelas na equipa e nos próprios jogadores, que vão agora enfrentar um novo desafio com Bruno Lage no comando dos encarnados, estando já a cinco pontos de um dos rivais diretos na luta pelo campeonato. É curioso que, na sua primeira passagem, Bruno Lage encontrou também um Benfica ferido, e na altura a sete pontos do Porto na luta pelo título, título esse que acabou por conquistar, reforçando a sua equipa com apenas cinco jogadores vindos da equipa B dos encarnados. No ano de explosão de João Félix, o “mago” português foi a pedra basilar do Benfica de Bruno Lage, papel este que lhe valeu uma transferência sonante para Madrid, para jogar no Atlético.
Ora Amdouni, avançado suíço que acaba de chegar de Inglaterra, pode muito bem desempenhar o papel de segundo avançado do novo Benfica de Lage, papel este que carece de soluções, tendo em conta a saída recente de Marcos Leonardo por exemplo, mas que acredito que Bruno Lage não vai prescindir, no seu estilo ofensivo de abordar o jogo. Florentino é um dos jogadores que trabalhou com o novo técnico encarnado na sua primeira passagem pela Luz, e deverá ser também um dos titulares indiscutíveis deste novo Benfica, numa posição que perdeu João Neves e João Mário, mas que pode ganhar novo protagonismo à boleia de jogadores como Kokcu e Renato Sanches, que deverão ser aposta neste setor.
Já na defesa, estou curioso para ver como é que Bruno Lage vai gerir o seu setor mais recuado, tendo em conta a idade de Otamendi mas também a subida de rendimento de Tomás Araújo e o alargado leque de opções que ainda tem para o eixo central, para além das faixas laterais, reforçadas com a contratação de Kaboré, numa posição onde já existia Alexander Bah, e de Beste, que chega para competir com Carreras.
O Benfica dispõe de quatro laterais bastante ofensivos, algo que pode beneficiar e muito este novo Benfica, e o facto de Bruno Lage não ter medo de arriscar seja em que situação for também, tendo em conta que, apesar das saídas, o técnico português vai ter muita matéria prima para trabalhar. Voltando ao ataque, a minha principal interrogação está nas faixas ofensivas, tendo em conta que o Benfica provavelmente não se irá apresentar com dois jogadores demasiados ofensivos, mas sabendo à priori que Di Maria deverá ser titular, e oxalá que a sua gestão seja mais bem conseguida, a titularidade de “Fideo” pode casar na perfeição com a inclusão de Tiago Gouveia na esquerda, tendo em conta o seu rendimento recente, mas até a inclusão de Beste nesta posição pode fazer sentido em algumas ocasiões, não esquecendo claro Akturkoglu, um grande reforço que é até semelhante a Rafa, mas também Schjelderup, que até pode contar na posição mais central do ataque. Já na posição de ponta de lança, parece-me que Bruno Lage também irá preferir um avançado mais móvel, aparecendo logo Pavlidis à cabeça, mas Arthur Cabral, beneficiando sempre das movimentações de um jogador a jogar nas suas costas, pode revelar-se uma peça importante durante a época do Benfica.
No final de contas, são muitas as interrogações e os cenários que podem aparecer na cabeça de Bruno Lage, certo é que o Benfica tem muito mais condições para “renascer” com Lage ao comando, depois de um claro desgaste de Schmidt à frente dos encarnados, e também jogadores para o fazer, num contexto muito semelhante aquele já vivido por Bruno Lage.
Na minha opinião, é mais arriscado da parte de Bruno Lage aceitar este regresso do que é arriscado da parte do Benfica em fazê-lo, isto porque o Benfica tem de se reestruturar primeiro para poder vencer mais tarde, e Lage pode ser claramente o obreiro deste renascimento encarnado, no entanto, se as coisas correm mal, a culpa pode ficar novamente associado ao técnico português, ainda assim é um regresso muito positivo de um treinador que deu muito ao Benfica, a todos os níveis, e que volta com um claro objetivo, jogar bem e jogar para agradar aos adeptos, porque isto pode ser peça chave na caminhada de Bruno Lage na Luz, e ele sabe-o bem, porque foi assim que venceu na sua primeira passagem, uniu os adeptos e a equipa em plena comunhão à volta de um bem maior, que é voltar a sonhar o inferno da Luz!
Para terminar, custe o que custar, este Benfica promete bom futebol, promete não virar a cara à luta, promete honrar a camisola e promete evoluir e crescer para poder, mais tarde, sorrir e vencer… Este vai ser o Benfica de Bruno Lage, à “Reconquista” dos seus adeptos.