O francês David Castera, diretor de prova do Rali Dakar de todo-o-terreno, admitiu esta sexta-feira, em entrevista à agência Lusa, que a dureza da 47.ª edição tem sido "maior do que a prevista".
"Sim, acho que é um dos mais duros. Foi um pouco mais do que o previsto", disse Castera, durante o dia de descanso da 47.ª edição do Rali Dakar, que termina em 17 de janeiro, na Arábia Saudita.
O antigo piloto de motas sublinhou que a dureza que já deixou de fora nomes como o espanhol Carlos Sainz (Ford) ou o francês Sébastien Loeb (Dácia) foi também influenciada por fatores externos, como as condições meteorológicas.
"O frio não ajudou os pilotos das motas. Mas estamos dentro do plano. A segunda semana também não será assim tão simples. As duas competições, de motas e automóveis, estão muito equilibradas, ainda nada está decidido", garantiu.
Etapa longa no domingo
De acordo com David Castera, "os três primeiros dias [da segunda semana] serão difíceis, os dois seguintes serão mais tranquilos e, depois, a última etapa, toda em dunas, poderá ser decisiva". "Acreditamos que tudo se poderá decidir aí, o que seria bonito. Mas vamos ver", disse o francês.
Para domingo está prevista uma etapa longa, com alguns pilotos a temerem terminar a especial já de noite. Nada que tire o sono ao diretor da corrida.
"Há quase 50 anos que o Dakar é assim, com os que terminam cedo e os que terminam tarde. Fizemos muitas etapas distintas, mas essa é a história do Dakar", lembrou.
KTM preocupada com momento financeiro
Castera também mostrou preocupação com o momento financeiro difícil que vive a KTM, uma das marcas emblemáticas do Dakar.
"Sim, preocupa toda a gente do mundo do motor. Mais de metade das motas inscritas são KTM, mas estamos convencidos que irão encontrar uma solução. Vi que receberam a aprovação do governo para o plano financeiro. Esperamos que recuperem e voltem ao nível alto", frisou o diretor de uma corrida que envolve cada vez mais portugueses, em diferentes funções.
Para além de pilotos e navegadores, há portugueses em todo o tipo de funções em várias das equipas espalhadas pelo acampamento, de Team Manager a mecânicos ou assistentes.
"Houve sempre gente envolvida nesta competição. Corri a Baja de Portalegre. Tinha 18 anos quando fui a Portugal para a correr e aí conheci o José Megre. Para mim foi uma pessoa incrível e penso muitas vezes nele. O desporto português teve pilotos muito rápidos e há uma cultura de desportos motorizados", concluiu Castera.
A 47.ª edição do Rali Dakar de todo-o-terreno arrancou no dia 03 de janeiro e termina no dia 17.
O australiano Daniel Sanders (KTM) lidera a prova das duas rodas, que tem em Rui Gonçalves (Sherco) o melhor dos três portugueses presentes, em 19.º.
Henk Lategan (Toyota) comanda nos automóveis, categoria em que João Ferreira (MINI) é o 11.º classificado.
Sábado disputa-se a sexta das 12 etapas previstas, entre Hail a Duwadimi, a maior da edição deste ano, que inclui 605 quilómetros cronometrados.