
A temporada 2024/25 tem sido um verdadeiro quebra-cabeças para o Borussia Dortmund. O clube alemão, que há poucos meses esteve perto de conquistar a Liga dos Campeões [0-2 vs Real Madrid], enfrenta agora uma realidade diferente.
Die Borussen ocupam uma posição bem abaixo das expectativas na liga alemã (11.º lugar, atualmente). A equipa não consegue rivalizar com o gigante Bayern München e viu-se a ser ultrapassada pelo Bayer Leverkusen nessa dura missão.
Para tentar compreender melhor o momento do clube, o zerozero falou com Kai Schiller. Segundo o jornalista alemão, os problemas vão muito além do rendimento dentro das quatro linhas.
De quem é a culpa?
Para Schiller, a explicação para o momento atual do Dortmund começa pela escolha do treinador. «Todos esperavam que o Dortmund, ainda que abaixo do Leverkusen, fosse capaz de desafiar a homogeneidade do Bayern. Ninguém previa uma época tão longe do esperado», refere.

A decisão de substituir Edin Terzić por Nuri Şahin revelou-se um erro: «O Terzić levou o clube a uma final da Champions e esteve perto de ser campeão, mas decidiram mudar».
«Trouxeram um treinador sem experiência, e isso pesou. Foi um risco que não compensou», aponta Schiller.
Outro fator crítico é a estrutura interna do clube. «O Dortmund tem demasiadas pessoas com poder e voz ativa nas decisões. Há falta de uma figura de referência, alguém que una todas essas partes. Nem sempre estão alinhadas, e isso prejudica a equipa», explica.
Sem poder para competir
O modelo do Borussia Dortmund tem sido, há largos anos, baseado na aposta em jovens talentos, valorizando-os e vendendo-os por valores superiores. Nomes como Haaland e Bellingham são os exemplos mais recentes desse processo. No entanto, Schiller acredita que este modelo começa a mostrar falhas.
«O problema não é vender talentos, porque isso sempre aconteceu. O problema é que também gastaram muito dinheiro em jogadores rejeitados por rivais ou por clubes de topo», começou por dizer.
«Hummels era demasiado velho para o Bayern e o Dortmund trouxe-o de volta. Süle não encaixou no Bayern, e o Dortmund comprou-o. Sabitzer igual. Esse tipo de decisões também tem um custo.»
Ao contrário do Bayern, que consegue manter as suas estrelas, o Borussia não tem esse poder financeiro. «Nunca tiveram a capacidade para competir nesse nível, mas souberam sempre encontrar novas promessas. Agora, as contratações nem sempre têm sido as certas, e isso reflete-se no rendimento da equipa.»
Onde estão as referências?
Olhando para o atual plantel do Dortmund, Schiller vê uma grande lacuna: a ausência de jogadores que sejam verdadeiros símbolos do clube.
«Quem é a cara do Borussia Dortmund hoje? Emre Can? É um bom jogador, mas representa mais os tempos difíceis do que os tempos gloriosos. Guirassy? Um avançado de qualidade, mas longe de ser uma referência histórica. Já não há um Reus, um Hummels ou um Götze no auge. E isso faz diferença.»

Esta falta de identidade também se reflete na forma como a equipa encara a Bundesliga. "O Dortmund foi, durante anos, a segunda melhor equipa da Alemanha, no mínimo. Agora nem isso. O Leverkusen está claramente acima, e o Leipzig aproxima-se», apontou.
«O objetivo nesta fase tem de ser garantir um lugar na Liga dos Campeões, porque uma época sem essa competição pode ser muito grave para o clube a nível financeiro.»
A Liga dos Campeões e o desafio contra o Sporting
Apesar das dificuldades na Bundesliga, o Dortmund conseguiu um bom desempenho na fase de liga da Liga dos Campeões. No entanto, Schiller não está convencido de que essa prestação seja um verdadeiro indicativo de força europeia. «Surpreenderam-me na fase de grupos, mas quando enfrentarem uma equipa como o Manchester City, o Real Madrid ou o PSG, não terão hipóteses. Não têm poder para isso.»
Quanto ao confronto com o Sporting, o jornalista reconhece que a vantagem conseguida em Alvalade (0-3) coloca o Dortmund numa posição muito confortável. Além disso, o fator casa será determinante: «Nos jogos em casa, o Dortmund é uma equipa diferente. O Signal Iduna Park é um estádio incrível, com a melhor atmosfera da Alemanha. A 'Yellow Wall' impressiona qualquer adversário», vincou. «Com mais de 25.000 adeptos de pé a apoiar sem parar, torna-se um ambiente muito difícil para quem joga contra o Dortmund.»
A tarefa do Sporting é hercúlea. «Vencer lá já seria complicado. Recuperar de uma desvantagem de três golos? Ainda mais difícil.»
O Signal Iduna Park continua a ser um dos estádios mais intimidantes da Europa. Mesmo numa época instável, os mais de 25 mil adeptos da Yellow Wall não param de apoiar a equipa. O Sporting tem uma missão difícil, mas os alemães já mostraram que, quando a pressão aperta, as fissuras aparecem. Se há um momento para acreditar, não será este?