O nome pode passar despercebido aos menos atentos ao futebol italiano de meados dos anos 90, mas Angelo Pagotto foi um nome que muito prometeu entre os postes das seleções jovens transalpinas. Titular de uma Squadra Azzura campeã da Europa de esperanças em 1996, que também contava com Gianluigi Buffon nas fileiras, o antigo guarda-redes, de 51 anos, revelou como o vício da cocaína lhe arruinou a carreira.
«Houve um período em que Buffon e eu éramos os melhores guarda-redes de Itália. Falei com ele recentemente, elogiei-o pela sua nova função na seleção nacional. "Tenho que te agradecer porque foi o único que me fez ganhar um Europeu", respondeu-me a brincar», começou por dizer a antiga promessa do calcio ao Corriere della Sera.
«Cheguei a Milão em 1996 - ao AC Milan, depois da conquista com a seleção sub-21 -, mas foi demais para mim. Para crescer, devia ter ficado na Sampdoria. Foi um erro do meu agente. Achei um balneário difícil de entender. Mandava Baresi e os veteranos italianos, que em campo queriam que nós, jovens, fizéssemos o que eles pediam», prosseguiu.
«Se foi errado ir para Milão, também foi errado sair imediatamente. Tinha de ficar como fez Ambrosini, que mais tarde se tornou capitão. Ganhei 350 milhões de liras [moeda italiana à época] e ainda não sei onde gastei. Jantares com amigos, presentes... com esse dinheiro teria seis casas. Fui para a Via Montenapoleone e comecei a gastar. Versace, Armani... o banco também me emitiu um cartão dourado com o qual eu não tinha limites. Desperdicei 40 milhões por mês», revelou ainda.
Contudo, o verdadeiro declínio chegou mais tarde. Já depois de um primeiro afastamento em 2000 quando alinhava no Perugia, em 2007, o caminho das drogas acabou por esmorecer totalmente o percurso e vida de Pagotto.
«Foi uma fuga, principalmente, quando não tinha objetivos. Naquele momento estava no Crotone, não jogava muito, a minha carreira tinha acabado. Conheci muitas pessoas más às quais não consegui dizer não. As drogas afastaram-me da realidade. Achei que isso resolvia os problemas, mas não resolveu. Fiquei viciado durante três anos e sofri de depressão. Fiquei seis meses sem me levantar do sofá, ainda tomo psicofármacos. Tentei parar várias vezes, mas nunca consegui», acrescentou, antes de contextualizar a sua vida atual.