Delmino Pereira defendeu que o protocolo de aplicação do passaporte biológico estabelecido entre a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) e a Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), cuja renovação para 2025 se formalizou esta sexta-feira, é «um compromisso absolutamente estruturante para o futuro» da modalidade.
«Temos uma história de problemas de dopagem, mas também temos uma longa história de luta contra o doping. […] Esta luta sai-nos muito cara, somos sempre a primeira modalidade a sofrer o impacto da inovação da luta antidopagem», começou por dizer o presidente da FPC, na sede do Comité Olímpico de Portugal (COP), após a assinatura da renovação do protocolo que estende o passaporte biológico – só obrigatório para formações dos dois primeiros escalões mundiais da modalidade - à totalidade dos corredores das equipas continentais portuguesas, incluídas na terceira divisão.
Firmada inicialmente em 3 de janeiro de 2023, esta parceria «tem elementos absolutamente únicos», notou o dirigente, recordando que Portugal é «o primeiro país que tem um protocolo que insere todos os corredores no grupo-alvo do passaporte biológico», declarou Delmino Pereira sobre uma das suas últimas intervenções como presidente da FPC.
«Quando assinámos este protocolo, foi um passo grande para ir ao encontro de um grande desígnio nosso: credibilizar o ciclismo», defendeu, embora reconhecendo que havia a noção de que este «ia aumentar o risco» de existirem casos positivos, mas que era necessário por estar «em causa a sobrevivência da modalidade».
O passaporte biológico é um ‘mecanismo’ que se baseia na monitorização de determinados parâmetros biológicos (através de amostras de sangue e de urina), que, de uma forma indireta, podem revelar os efeitos da utilização de substâncias ou métodos proibidos, em oposição às estratégias tradicionais de deteção direta de substâncias ou métodos proibidos em amostras de sangue e de urina.
O presidente da ADoP, Manuel Brito, afirmou que com o passaporte biológico «os prevaricadores não escapam». «Não podíamos estar quietos e calados quando sabíamos que havia problemas de dopagem. Não podíamos aceitar, tínhamos de fazer alguma coisa», acrescentou o responsável máximo da Autoridade Antidopagem de Portugal.
A renovação do protocolo pioneiro foi ainda saudada pelo secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, que na ocasião considerou a parceria «diretamente relacionada com a relevância para o desporto da integridade das competições, o principal ativo do setor e que é inegociável».
Também o presidente do COP, Artur Lopes, estimou que a luta antidopagem é «algo que deve estar quase no ponto primeiro das preocupações ao nível do desporto», lembrando que trabalhou «nacional e internacionalmente muito» neste tema, nomeadamente nas suas funções como presidente da FPC e na União Ciclista Internacional (UCI).
«É evidente que a luta antidopagem é muito cara na defesa do desporto – é algo extremamente caro, mas tem de se manter», acrescentou Artur Lopes, sublinhando «a necessidade da luta continuar, ser aprofundada e melhorada com este protocolo».