O jogo do ano na América do Sul. É já este sábado, 30, que Botafogo e Atlético Mineiro irão disputar o título da Libertadores no Monumental, em Buenos Aires.
Muito mais do que uma final. Depois do último confronto entre as duas equipas - há pouco mais de uma semana -, o clima escaldou. Luiz Henrique e Barboza foram expulsos já na parte final do jogo, Hulk mandou recados à equipa de Artur Jorge e até trocou argumentos com o técnico português, que respondeu à letra e deixou bicadas à equipa do Galo, acusando a mesma de não querer jogar.
Os condimentos são os ideais para uma final quentinha - como já é apanágio na mítica Libertadores -, a 65ª da história da competição. No passado recente, a competição rainha do continente sul-americano tem sido pródiga em emoção.
A história abre o apetite para um jogão
A remontada do Rivel Plate no Superclásico de 2018, disputado excepcionalmente no Santiago Bernabéu. A coroação de Jorge Jesus no Monumental de Lima, onde Gabigol entrou para o olimpo. As várias vidas de Abel em 2020 e 2021, com vitórias nos descontos e no prolongamento. John Kennedy aos 90+9 no Maracanã: a combinação perfeita para a primeira Liberta da história do Fluminense.
Momentos arrepiantes, vividos todos eles nos últimos seis anos. Isto demonstra a mística da Libertadores, assistida e adorada nos quatro cantos do mundo.
No capítulo da história, tanto o Galo (venceu uma vez) como o Fogão (nunca venceu) não têm aquilo que é vulgarmente chamado de pedigree vencedor. Em 2013, quando a final ainda se disputava a duas mãos, o Atlético de Ronaldinho levantou a taça em casa, depois de recuperar de uma desvantagem de dois golos da primeira mão e levar o jogo para as grandes penalidades.
Uma coisa é certa: irá manter-se a hegemonia brasileira que dominou a competição nos últimos cinco anos.
A um passo de fazer história
É certo e sabido que o sucesso de Jorge Jesus - o Pedro Álvares Cabral dos treinadores - por terras de Vera Cruz abriu as portas a outros de seguirem o exemplo. Uns aproveitaram, e até ultrapassaram o sucesso do pioneiro - Abel é rei das Américas - outros, nem por isso.
O projeto do Botafogo levou Artur Jorge a abandonar Braga e fazer as malas para o Brasil onde, desde que chegou, tem sido dono e senhor. No Glorioso - que em 2021 estava na Serie B - Artur tem ressuscitado a confiança dos adeptos e conseguido afastar os fantasmas do passado bem recente, depois da saída de Luís Castro. Em 2023, o Botafogo era primeiro do Brasileirão, no fim da primeira volta, com 13 pontos de vantagem. Acabou em quinto, a seis do Palmeiras.
Numa final, o favoritismo é algo que não vale de muito mas, à entrada para a partida, o Botafogo é a equipa melhor preparada para vencer. Desde 15 de agosto, a equipa do Rio de Janeiro perdeu apenas um jogo, em 20 disputados, e tem dado demonstrações de consistência partida após partida.
Uma das maiores armas do Botafogo em 2024 tem sido a defesa. Barboza tem sido a referência defensiva da equipa e Adryelson deverá ser o parceiro no eixo central, depois da lesão de Bastos diante do Palmeiras. Alex Telles e Vitinho, nas laterais são peças fulcrais, principalmente na dinâmica ofensiva da equipa. Do meio para a frente, não faltam opções de qualidade: Thiago Almada, Luiz Henrique, Tiquinho Soares e Igor Jesus são os nomes que saltam mais à vista.
Pontapé na crise pode valer título
Do lado do Galo, o momento é tudo menos apoteótico. Scolari começou mal a temporada e Gabriel Milito assumiu a equipa mineira, porém, enquanto na Libertadores a equipa foi passando com distinção, a prestação no Brasileirão ficou muito aquém do expectável.
Enquanto o registo imbatível do Botafogo é notável, o Atlético Mineiro chega a esta final a passar pela pior fase da temporada: são dez (!!) jogos sem conseguir vencer, com seis derrotas à mistura. O facto de estarem praticamente arredados de outras lutas pode até ter sido bom, pois Milito nunca precisou de colocar a carne toda no assador nas últimas partidas e deixou os jogadores mais frescos para a hora da decisão.
Por outro lado, a vitória convincente por 3-0 diante do River Plate nas meias finais deixou uma prova da força do Galo, que continua a ter um plantel muito interessante e recheado de qualidade. A base do plantel também se mantém a mesma desde há uns anos para cá e, muitos dos que vão disputar esta final, foram já campeões brasileiros em 2021.
As individualidades mostram-se mais do lado do Atlético do que do Botafogo. Hulk, Scarpa e Paulinho são as referências - irreverentes, ofensivos e capazes de decidir um jogo. Bernard - uma das estrelas da companhia na conquista de 2013 - também é um nome relevante.
Para português ver
Se ainda não ficou convencido com a ementa desta final, caro leitor, há outros ingredientes interessantes para o espectador mais atento do futebol português. São dez os jogadores que já passaram pelo futebol português e vão estar presentes nesta final.
Do lado do Botafogo são eles Alex Telles, Danilo Barbosa, Eduardo, Tiquinho Soares e Marçal. Já no Atlético Mineiro estão Renzo Saravia, Rodrigo Battaglia, Hulk, Alan Kardec e Deyverson.