Há vários meses partilhei publicamente o nome de duas pessoas que seriam os meus candidatos às eleições para a Federação Portuguesa de Futebol, que decorrerão em fevereiro próximo.

Fi-lo de forma clara, assumida e desassombrada, por estar convencido que têm perfil, experiência e competência para assumirem papéis de relevo nos destinos do futebol português.

Naturalmente que esse era, como é, um ponto de vista pessoal. A minha opinião.

Não fere nem colide com outras e, mais importante, não anula a noção de que haverá por aí muitas outras pessoas igualmente honestas e qualificadas.

Um dos nomes que adiantei foi o de Luciano Gonçalves, atual Presidente da APAF. Acompanho o seu trabalho há muitos anos, conheço o seu caráter e tenho visto a forma como cresceu profissionalmente dentro de um meio demasiado sensível.

Para que fique claro, este apoio ao jeito de repto para avançar, não é baseado em amizade. Sou um homem da arbitragem desde os dezoito e quero o melhor para o setor. Esta é mesmo uma convicção sincera, baseada sobretudo na obra feita. No trabalho que realizou nos últimos anos. Naquilo que há de palpável para provar a sua enorme capacidade.

O Luciano nunca foi árbitro de elite mas, sejamos sinceros, não precisava ser. Fontelas Gomes, Luís Guilherme e muitos outros também não o foram e também sentaram-se na cadeira do Conselho de Arbitragem com lideranças íntegras e competentes.

Árbitros de topo, com carreira meritória e experiência acumulada no futebol profissional, têm conhecimento do jogo jogado e prática de campo. Tudo o que é necessário para se tornarem excelentes técnicos. Essas valências são fundamentais para ensinarem os mais novos e para fazerem crescer a qualidade das nossas arbitragens.

Mas ser dirigente requer outras competências. Hoje os Conselhos de Arbitragem são órgãos essencialmente políticos, vocacionados para nomear e desnomear, classificar, elaborar regulamentação, calendarizar ações de formação e manter contacto com associações e clubes. O trabalho formativo que fazem não deviam estar nas suas mãos.

É preciso perfil. É preciso carreira para trás para se abraçar a liderança desta missão, algo que centenas de jogos de topo ou insígnias FIFA jamais atribuirão.

Luciano Gonçalves tem tudo isso. E só quem nunca olhou com olhos de ver para a APAF do antes e depois é que não percebeu a capacidade que teve em fazer crescer aquela casa e todo o setor, tornando-os mais firmes e valorizados.

Numa altura em que as coisas estão na iminência de mudar de mãos, gostava de saber que o destino da minha classe, da casa onde sinto que nunca saí, fica em boas mãos.

Nunca olhei para o Luciano como alguém que não fez carreira na primeira categoria. Vi-o sempre como alguém humilde, discreto, com capacidade de trabalho rara e uma vontade infinita de fazer as coisas certas. Não fui só eu.

Muitos dos nossos árbitros de topo também. É que, há não muito tempo, a maioria votou esmagadoramente para a sua reeleição à frente da APAF, por reconhecer nele tudo aquilo que foi aqui descrito.

Não há candidatos perfeitos nem pessoas infalíveis. Há boas e más escolhas.

Vamos ver o que o futuro nos reserva.