Roma e Lazio. Há Lazio e Roma. A sua rivalidade é conhecida e histórica, com vários capítulos ao longo das décadas. Mas será que há mais futebol para lá destes dois rivais na cidade romana? Uma pequena pesquisa mostra que, fora clubes amadores, a lista é escassa. No entanto, acabamos por chocar com o AS Ostia Mare.

Entre a população romana e os adeptos portugueses do FC Porto que vão pintando a cidade de Roma por estes dias, há referências aos dois gigantes da cidade, mas nenhuma ao Ostia Mare. Não surpreende. Afinal, falamos de um clube que atua na Serie D, a 4ª divisão italiana, e cuja «casa» fica a cerca de 40 quilómetros, por exemplo, do Estádio Olímpico de Roma - onde jogará o FC Porto esta quinta-feira.

Ostia Mare
2024/2025
26J
10V
5E
11D
39-39G

O futebol chegou à Ostia, pequena vila costeira e 10º município de Roma, em 1923, durante a época do fascismo, pela figura de Benito Mussolini, e aí se criou a Associazione Sportiva Ostia. Contudo, só em 1945, pós II Guerra Mundial, foi fundado a Associazione Sportiva Ostiamare.

Durante largos anos, o emblema roxo e branco disputou os escalões amadores italianos, até que, no final da década de 1980, chegou à antiga Série C2, equivalente ao 4º escalão de Itália. E por aí se manteve por duas épocas, em parte devido ao financiamento indireto da AS Roma. Na altura, o presidente Dino Viola procurava jovens promessas para o emblema da Loba em Ostiamare e foi lá que encontrou um ragazzi chamado Daniele De Rossi, cuja carreira na AS Roma é bem conhecida.

O clube esteve depois afastado alguns anos do futebol profissional italiano - que começa na Série D -, mas acabou por voltar em 2011/12 e aí tem habitado desde então.

O regresso do Messias

Pela história desportiva, rapidamente percebemos que estamos longe de falar de uma equipa propriamente relevante no panorama desportivo romano ou italiano. Então qual a razão para estarmos a trazer este nome à «baila»? Por causa de alguém já aqui referido: Daniele De Rossi.

De Rossi na apresentação como presidente @Reprodução Instagram

É que, no final de 2024, o clube passava por algumas dificuldades financeiras, devido à remodelação da sua casa, o Estádio Anco Marzio. Aí surgiu De Rossi, um filho da casa, que nunca esqueceu o seu clube de formação - de resto, jogou toda a sua carreira profissional com uma caneleira dedicada ao Ostia Mare -, investiu no clube e assumiu a presidência do mesmo.

«Estou feliz por anunciar o meu novo compromisso como proprietário da Ostiamare. O meu objetivo será trabalhar para construir uma sociedade sólida, transparente e inovadora, um meio para unir as pessoas, promover os valores comunitários e aproximar as famílias do seu território, com o orgulho de representar Ostia dentro e fora do campo. Hoje começa um novo capítulo. Juntos, podemos escrever uma história que nos deixará orgulhosos», escreveu De Rossi, nas suas redes sociais, no início de fevereiro.

Quem passa pela vila de Ostia - apesar das suas agradáveis praias - e pelo modesto Anco Marzio (lotação para 1.000 pessoas) claramente vê que há nova esperança no futuro, mesmo que o Ostia Mare esteja em 11º lugar no seu grupo da Serie D.

Afinal, o seu «filho» regressou a casa e tem o objetivo de fazer crescer o roxo e branco.