
Jaime Faria é um dos nomes do momento no ténis mundial, teve uma das melhores semanas da sua vida e esteve à conversa com o Bola na Rede.
Jaime Faria falou em exclusivo com o Bola na Rede e abordou a semana que acabou de viver. O tenista português chegou até à 2.ª ronda do Australian Open e teve oportunidade de defrontar Novak Djokovic:
«Foi uma experiência inacreditável, aproveitei cada momento, apesar de ter tido alguns momentos mais complicados, de estar por baixo em que ele foi realmente superior, consegui ainda assim dar uma boa réplica. No início não parecia bem real que estava de facto a jogar contra o Novak Djokovic, numa Rod Laver Arena cheia, ainda por cima com (Andy) Murray no banco. Mas depois comecei-me a adaptar, habituar e era um jogo como os outros e tinha de arranjar soluções para ganhar. Não arranjei as suficientes, apenas para um set mas foi inacreditável. O estádio é brutal. Houve uma interrupção por chuva no início do terceiro set e fecharam o coberto por isso tive a experiência de sessão diurna e de sessão noturna, até foi giro».
O jovem de apenas 21 anos tornou-se no primeiro português da história a conseguir vencer um set ao lendário tenista sérvio:
«É muito o fruto do meu trabalho, de acreditar bastante em mim. Tive no último ano uma subida muito grande e tenho aproveitado este crescimento para continuar a desafiar-me e continuar a puxar por mim. Este é provavelmente um dos maiores desafios do Ténis. O segundo maior, sendo que o maior é ganhar ao (Rafael) Nadal em Roland Garros. O segundo é vencer o Novak em Melbourne, portanto o ténis já me apresentou o segundo maior desafio. Acho que estive à altura para ganhar um set, não para vencer o jogo, longe disso até. Joguei o meu jogo e ser o primeiro português a vencer o set significa que tenho bom nível. Apenas o João (Sousa) o defrontou, e ele até me ajudou na preparação para o jogo, portanto foi um bocado batota».
No seu primeiro encontro no quadro principal de torneios do Grand Slam, Jaime dominou por completo o russo Pavel Kotov, jogador do top 100 mundial:
«Sim, o segundo set com o Kotov estou num estado fenómeno puro. Meto todos os primeiros serviços e ganho todos os pontos no primeiro serviço. Acho que foi um set perfeito, até passou pelas redes sociais esse set que eu fiz, servi muito bem e mesmo na resposta não dei muitas hipóteses. Ele no 3.º set começa a servir um pouco melhor do que nos dois primeiros mas eu no segundo tive implacável e era essa a mensagem que eu queria passar desde o início. Consegui durante dois sets e no 3.º só mais tarde é que consegui fazer o break, foi um grande jogo e o meu melhor em Melbourne».
A participação portuguesa em Melbourne Park está reduzida a Nuno Borges e Francisco Cabral no torneio de pares, e o jovem português acredita que os compatriotas podem chegar longe na prova:
«Acho que o Nuno Borges e o Francisco Cabral podem chegar muito longe, sei do nível e das capacidades deles, jogam muito bem juntos. Tiveram uma grande vitória na primeira ronda, acredito plenamente que podem ir longe. Depende muito, os pares é sempre um pouco mais aberto que os singulares, nunca se sabe muito bem o que pode acontecer. São dois sets, é diferente. Eles acabaram de bater os quintos cabeças de série mas não quer dizer que não apanhem agora um adversário igualmente difícil que não seja cabeça de série. Vai ser interessante vê-los».

A época do acabou de começar, e o tenista lisboeta já tem os objetivos bem definidos para o restante da temporada:
«A nível pessoal, consegui cumprir este objetivo de jogar o quadro principal de um Grand Slam e passar a primeira ronda na primeira vez que jogo foi especial. Agora o meu objetivo principal é atingir o top 100, estou perto mas ainda falta um bocadinho ali em termos de pontos, já vejo uma miragem lá ao fundo… Quero atingir os quadros principais do Grand Slam do resto do ano. Tenho agora bastantes torneios pela frente, tenho também a Davis Cup que quero contribuir da melhor maneira se o selecionador me convocar, e se for chamado a jogar quero vencer, nunca venci um jogo de Davis Cup».
Confesso adepto do Sporting, Jaime Faria abordou ainda a celebração de Viktor Gyokeres admitindo a admiração que tem pelo avançado sueco:
«Acho que sim, o Gyokeres inspira não só a mim mas a qualquer um. Eu quando o vejo jogar vê-se um foco, uma fome uma determinação diferente e parece que não fica contente com nada, não se conforma e quer sempre ir à procura de mais e mais e isso é uma coisa que gosto bastante. Aprecio bastante a atitude dele e o caráter que ele tem, e receber uma mensagem dele após fazer a máscara foi especial, ainda por cima é o jogador que contribui mais na minha equipa. É sem dúvida alguém em quem me posso inspirar. E ele ajudou-me a vencer esta primeira ronda com as palavras dele».
Jaime Faria vai, agora, regressar a Portugal para participar no Oeiras Indoor Challenger III, juntamente com Henrique Rocha e outros tenistas portugueses.