Sofrimento. Os adeptos do Sporting viveram um período dourado com Ruben Amorim, somando vitórias e exibições convincentes, principalmente no início desta temporada, mas o treinador rumou ao Manchester United e deixou a fasquia muito alta em Alvalade. João Pereira, o sucessor, não conseguiu manter o nível e a equipa não consegue afirmar-se.
O novo treinador soma sete jogos no banco dos leões, com três vitórias e quatro derrotas —duas para a Liga dos Campeões (Arsenal e Club Brugge) e outras tantas para o campeonato (Santa Clara e Moreirense). Num ápice, o Sporting perdeu a bela vantagem de que dispunha no topo da Liga, apesar de ainda a liderar, e caiu muitos lugares na classificação da Champions.
Vale-lhe, para já, a Taça de Portugal. Depois da goleada, no jogo de estreia, ao Amarante (6-0), ontem nova vitória, também em Alvalade, sobre o Santa Clara. Que se seguiu ao outro triunfo que soma no comando técnico, diante do Boavista (3-2), igualmente no covil do leão.
Aos poucos, o Sporting parece querer dar sinais de retoma, mas não sem sofrimento. Foi assim com os axadrezados, que por duas ocasiões conseguiram anular a vantagem leonina, foi assim com o Santa Clara. Os verde e brancos dominaram os açorianos, tiveram maior posse de bola e o controlo do jogo, mas sentem muitas dificuldades em fazer a diferença. Mesmo em vantagem, com o golo de Harder, os leões não mostram confiança. João Pereira vai trocando as peças — registo para a estreia do menino Mauro Couto, extremo de 19 anos contratado há dois ao Paços de Ferreira —, mas a equipa não se afirma, nem galvaniza dos adeptos.
Os adversários, claro, percebem-no e não hesitam em ferir o leão. Impressionante como os açorianos na ponta final pressionaram em Alvalade. Com três oportunidades claras para empatar. À primeira, Gabriel Silva falhou escandalosamente; à segunda Franco Israel fez uma defesa monstruosa a remate de Guilherme Ramos; à terceira, no último lance do tempo regulamentar, Pedro Ferreira marcou mesmo.
Mais do que sofrimento, desespero em Alvalade. Veio o prolongamento e, mais uma vez, foi Gyokeres a resolver, com a ajuda de Frederico Venâncio, que, com um mau atraso, isolou o sueco. Ironia do destino, foi o filho de uma antiga glória leonina, Pedro Venâncio, a ficar ligado à história do jogo.
O essencial foi alcançado, com o Sporting a garantir a presença nos quartos de final da Taça de Portugal, mas é preciso muito mais. Está visto que João Pereira nasceu para sofrer, mas os adeptos já não estavam habituados a isso e não parecem dispostos a tal…