Jorge Jesus chegou ao Brasil em 2019 e em apenas um ano entrou para a história do Flamengo, depois de ter vencido o campeonato brasileiro, a Taça Libertadores, a Supertaça do Brasil e Supertaça sul-americana.
Em entrevista ao Globoesporte, o treinador de 70 anos recorda a ligação com os adeptos do clube do Rio de Janeiro, comparando com os tempos em que esteve no Benfica.
"Guardo o Flamengo num lugar especial do meu coração, por tudo o que envolveu jogadores e adeptos. Às vezes vejo os meus vídeos para recordar 70 mil pessoas a gritar 'Olê, olê, olê, Mister'", começou por dizer o técnico do Al Hilal.
" Não há hipótese de ter isso no meu país. Estive no Benfica, ganhei tudo que havia para ganhar e nunca tive um jogo em que os adeptos gritassem para mim. Nenhum! Tenho que ter saudades do Brasil", acrescentou.
Regresso ao Brasil não aconteceu por questões de timing
Jesus disse ainda que em 2022 esteve perto de regressar ao comando técnico do emblema carioca mas por uma "questão de timing" acabou por acontecer e quem ocupou a vaga foi o compatriota Paulo Sousa.
"No meu último ano de Benfica, foi por uma semana que não fui treinador do Flamengo. Marcos Braz esteve em Portugal para me levar e eu ainda era treinador do Benfica. Disse que naquele momento não era fácil sair, mas que as coisas não estavam muito boas e que, se pudesse esperar mais um pouco, ia acontecer. Mas o facto é que saí do Benfica ao final de uma semana do acerto com o Paulo Sousa. O timing às vezes não dá, às vezes não é na hora e não se conjugam os interesses", confidenciou.
"Pedro Álvares Cabral do futebol"
Jorge Jesus refere que a sua passagem pelo Flamengo entre 2019 e 2020 foi determinante para mudar o rumo do futebol brasileiro, considerando-se o "Pedro Álvares Cabral do futebol".
"A minha passagem obrigou o futebol brasileiro, e o próprio treinador, a olhar para o jogo de outra maneira. Quando chegámos, o futebol era muito de posição, de pouca pressão. Hoje não. Eles já sabem o que é fazer pressão alta. As grandes equipas do Brasil estão a viver essa mudança, tal como na Europa. Sinto-me como o Pedro Álvares Cabral do futebol português no Brasil, onde fui confirmado e justificado. O treinador português é o melhor treinador do mundo. Não estou a dizer que são todos iguais. Mas há três, quatro treinadores portugueses que são os melhores do mundo", atirou.
"Arábia Saudita é um país super seguro como já não há na Europa"
A cumprir a segunda passagem pelo Al Hilal e pela Arábia Saudita, o experiente treinador fala como é viver naquele país do Médio Oriente e faz uma comparação com a Europa.
Com sua cultura própria, é óbvio, mas que não impede nada soubermos respeitar as regras. Neste país, há regras. Na maioria dos países da Europa, não há regras, aqui há regras. Todos sabemos os nossos direitos e deveres. Quando isso acontece, fica fácil viver. É um país super seguro para criar os filhos e ter a família, como já não há na Europa" apontou.